Bolsonaro consegue reverter o declínio de sua popularidade graças à melhoria da economia e à queda do número de assassinatos, apesar dos sinais de deterioração democrática
NAIARA GALARRAGA GORTÁZAR São Paulo – 27 JAN 2020 – 19:44BRT
O músico Caetano Veloso ergueu sua voz para alertar que “o fascismo está mostrando suas garras” no Brasil. Cinquenta e um anos depois de ser encarcerado pela ditadura militar, o cantor afirma, num vídeo em inglês divulgado pelas redes sociais neste fim de semana, que “o Governo brasileiro não só empreendeu uma guerra contra as artes e os criadores, mas também contra a Amazônia e os direitos humanos em geral”. Os artistas, os indígenas, outras minorias e a imprensa se transformaram no último ano em alvo da fúria e desprezo do presidente Jair Bolsonaro e seus seguidores. Os representantes de 45 grupos indígenas reunidos numa recente cúpula o acusaram de ter “posto em andamento um projeto político de genocídio, etnocídio e ecocídio”. Entretanto, a economia melhora, os homicídios caem, embora as mortes provocadas por policiais estejam em alta, especialmente no Rio, e a popularidade de Bolsonaro começou a subir, numa mudança de tendência.
A democracia brasileira, cuja erosão começou no processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff, se deteriora mais rapidamente desde que Bolsonaro, de extrema direita, ganhou as eleições. Qualquer crítica é considerada quase uma traição. E os indícios alarmantes se sucedem. Mas isto não impede que, graças à melhora da economia e à redução dos homicídios, a popularidade do presidente tenha parado de piorar. O percentual de brasileiros que avaliam o Governo como bom ou ótimo aumentou cinco pontos desde agosto, chegando a 34%. Os que o qualificam como ruim ou péssimo caíram oito pontos, segundo uma pesquisa divulgada na semana passada, antes da divulgação de que 644.000 empregos formais foram gerados no primeiro ano do Governo Bolsonaro, a maior cifra desde 2013, quando começou a recessão.
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