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Martin Luther King sabia que não há nada de pacífico na ação direta não-violenta

Os comentaristas do establishment adoram citar Martin Luther King para deslegitimar protestos de militantes radicais e envergonhar manifestantes indisciplinados. Mas King não era um defensor de um protesto passivo e complacente – para ele, a mobilização consistia em forjar uma força coletiva poderosa que pudesse coagir as elites no poder a concederem demandas por justiça.

Por Alexander Livingston / Tradução Melanie Castro Boehmer

repressão política nos EUA é ao mesmo tempo espetacular e banal. Vimos ambos nas últimas semanas, enquanto forças policiais militarizadas conduzem campanhas de contrainsurgência contra civis norte-americanos e a brutalidade é acompanhada de apelos para que os manifestantes permaneçam pacíficos.

Quando as elites governantes clamam pela paz, elas estão exigindo docilidade. Quando citam cinicamente citações descontextualizadas de Martin Luther King e invocam os direitos dos “manifestantes pacíficos” enquanto criticam protestos realmente existentes, eles anunciam que nenhum protesto efetivo jamais será pacífico o suficiente para encontrar sua aprovação. As elites dirigentes, os especialistas e a polícia usam a retórica da não-violência para disciplinar os manifestantes e transferir a responsabilidade pela violência do Estado para suas vítimas.

Nós não devemos cair na armadilha deles. Não há nada de pacífico na não-violência se você usar ela direito.

Não-violência não é seguir regras, trabalhar dentro das instituições existentes, ou manter os protestos inofensivos. Ação direta não-violenta ainda é ação direta. Não é auto-sacrifício virtuoso ou moralizante, mas uma teoria do poder e um repertório de táticas para usá-la. Não-violência efetiva é exercer uma ação coletiva para perturbar o funcionamento normal da sociedade.

Martin Luther King sabia disso melhor do que a maioria das pessoas. Embora os críticos estejam certos de que King rejeitava regularmente as rebeliões como tática, ele defendia os próprios manifestantes como expressão de raiva justificada contra uma ordem racista e capitalista que havia deixado moradores negros do interior da cidade brutalizados, explorados e abandonados. Para ele, o tumulto era uma raiva ardente; o tipo de reconstrução radical da sociedade norte-americana que ele imaginava exigia que ela ardesse por muito tempo.

Saiba mais em: https://jacobin.com.br/2020/06/martin-luther-king-sabia-que-nao-ha-nada-de-pacifico-na-acao-direta-nao-violenta/

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