“Luta contra Bolsonaro vai muito além das fronteiras do Brasil”, diz comunicado lançado pela APIB e Internacional Progressista. Começa em Brasília novo acampamento contra o roubo de terras ancestrais e a devastação da Amazônia
Em 23 de agosto, nós, povos indígenas de todas as regiões do Brasil e forças progressistas de todo o mundo, vamos nos unir na Luta pela Vida — Struggle for Life. Convidamos todos os que compartilham nossa grande preocupação com o futuro de nosso planeta e da humanidade a se juntarem a nós
Nossa luta é antes e acima de tudo pelas vidas indígenas, as maiores vítimas do programa de perseguição, roubo e extermínio do presidente Bolsonaro. “O indígena não pode permanecer em sua terra”, disse Bolsonaro. E acrescentou: “Vou reduzir todas as reservas indígenas que puder”.
Com o estímulo de Bolsonaro, as invasões de territórios indígenas cresceram 135% só em 2019, enquanto os registros de violência contra as comunidades indígenas mais do que duplicaram, no mesmo período. Agora, Bolsonaro e seus aliados no Congresso estão avançando com leis como o PL 490, PL 2633 e PDL 177. Ele, respectivamente, eliminam direitos territoriais indígenas, autorizam o roubo de terras e negam o reconhecimento de povos indígenas.
Em resumo, Bolsonaro e seus aliados preparam um novo genocídio da vida indígena. Isso exige uma luta internacional para somar forças em defesa dos direitos dos povos indígenas. O Dossiê Internacional de Denúncias, que a APIB lançou há pouco, relata em detalhes estes ataques inéditos aos povos indígenas do Brasil.
Nossa luta é pela vida da Amazônia, também. O roubo aos povos indígenas do Brasil avança passo a passo com a devastação de suas terras. O objetivo é ampliar os lucros dos invasores que expulsam as comunidades. “Onde há terra indígena, há riqueza por baixo”, disse Bolsonaro.
Sob sua presidência, o desmatamento da Amazônia bateu recordes: 11 mil quilômetros quadrados eliminados, só em 2020. Estamos nos aproximando rapidamente do “ponto de virada” na Amazônia, quando a floresta tropical deixará de produzir as chuvas necessárias para sustentar a si mesma. Neste ponto, a floresta úmida irá reduzir-se a uma savana: as árvores morrerão, os campos queimarão e bilhões de toneladas de dióxido de carbono serão lançadas na atmosfera.
Nossa luta, por isso, é em favor de toda a vida no planeta. A morte da Amazônia e de outros biomas únicos brasileiros, como o Cerrado e o Pantanal, não causará impacto apenas em suas comunidades; ao acelerar o colapso de nosso clima, a extinção da floresta úmida ameaçará ecossistemas em toda parte. Neste sentido, o destino dos povos indígenas brasileiros está enlaçado ao destino de nosso mundo.
É por isso que estamos nos mobilizando e iremos a Brasília. Para tentar frear Bolsonaro. Para defender a Amazônia e os outros biomas brasileiros. E para nos levantar com seus povos. Nossa luta tem como alvo todos os governos cúmplices com a campanha de genocídio de Bolsonaro, todas as corporações que buscam lucrar com ela. E ao fazê-lo, ela apela aos cidadãos de todo o mundo: a luta contra Bolsonaro vai muito além das fronteiras do Brasil.
Ao nos prepararmos para chegar a Brasília, pedimos que você junte-se a nós: nas ruas, em seu local de trabalho, em seu bairro. Nossa luta é sua luta. Nossa luta é pela vida.
Veja em: https://outraspalavras.net/descolonizacoes/como-a-causa-indigena-amplia-aliancas-internacionais/
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