Político social-democrata que venceu a eleição e pode ser o próximo chanceler alemão se encontrou com ex-presidente brasileiro em Berlim. “Outro Brasil é possível. Vamos lembrar o mundo disso”, diz Lula na capital alemã.
Por: Jean-Philip Struck
O vice-chanceler e ministro das Finanças da Alemanha, Olaf Scholz, disse neste sábado (13/11) que ficou “muito satisfeito” com o encontro que teve com o ex-presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
O político social-democrata alemão, que venceu as eleições de setembro reuniu-se em Berlim com o petista na sexta-feira.
“Estou muito satisfeito com nossas boas discussões e aguardo com expectativa continuar nosso diálogo!”, escreveu Scholz no Twitter em inglês após o encontro.
No momento, Scholz lidera as negociações para a formação de uma coalizão de governo que deve tê-lo como chanceler federal.
As conversas envolvem a legenda de Scholz, o Partido Social-Democrata (SPD), o Partido Verde e o Partido Liberal Democrático. O SPD terminou a eleição em primeiro lugar, com 25,7% dos votos.
Se as negociações forem bem-sucedidas, Scholz deve ser o sucessor da conservadora Angela Merkel e passar a comandar a maior economia da Europa.
Já a Lula aparece no topo das pesquisas para vencer a eleição presidencial de 2022 no Brasil.
Lula afirmou na véspera que teve uma “agradável conversa” com Scholz e que eles discutiram “o processo que está em curso para a formação de um novo governo e sobre a importância de fortalecer a cooperação Brasil Alemanha”.
O encontro durou cerca de uma hora, segundo a assessoria de Lula.
O PT e SPD mantêm laços há décadas e Lula manteve relações amistosas com figuras históricas da legenda alemã como Willy Brandt, Gerhard Schröder, Johannes Rau e Helmut Schmidt.
Contraste
O encontro e as trocas de gentilezas entre Lula e Scholz contrastam com um recente incidente entre o político social-democrata alemão e o presidente Jair Bolsonaro.
No final de outubro, Scholz foi ignorado por Bolsonaro durante uma reunião do G20, em Roma. Na ocasião, durante uma recepção geral para todos os líderes do G20 presentes, Bolsonaro conversou rapidamente com o presidente da Turquia, Recep Tayyip Erdogan.
Na mesma roda, estava Olaf Scholz. Bolsonaro, aparentemente não sabendo quem era Scholz, ignorou completamente o alemão e não lhe dirigiu a palavra. Pouco depois, enquanto Bolsonaro reclamava da mídia brasileira e trocava observações banais com Erdogan, Scholz virou as costas e foi falar com o primeiro-ministro britânico Boris Johnson.
A indelicadeza não passou despercebida pela imprensa e foi usada como um exemplo do isolamento e do comportamento errático de Bolsonaro durante seu giro pela Itália.
As relações da Alemanha com o Brasil esfriaram consideravelmente desde 2019, especialmente por causa do desmonte de políticas ambientais pelo governo Bolsonaro.
Naquele ano, a chanceler federal Angela Merkel, disse ver com “grande preocupação” a situação no Brasil sob Bolsonaro. Em 2020, o governo alemão ainda admitiu que a cooperação com o governo federal brasileiro em áreas como política ambiental e assistência aos povos indígenas estava sendo cada vez mais difícil.
Giro pela capital alemã
Lula desembarcou em Berlim na quinta-feira, dando início a um giro europeu que vai se estender até a semana que vem, e que tem como objetivo reatar as relações com políticos proeminentes da Europa. Lula também pretende oferecer um contraste com o isolado Jair Bolsonaro, que em três anos de governo não construiu nenhum relacionamento relevante com as potências europeias e se destacou mais pelos ataques que fez a líderes europeus.
“Começamos hoje por Berlim com uma intensa rodada de encontros. Outro Brasil é possível. E vamos lembrar o mundo disso”, disse Lula ao desembarcar.
Lula ainda teve encontros com outros políticos e sindicalistas alemães.
Em Berlim, ele também se reuniu com os políticos do partido Die Linke (A Esquerda) Gregor Gysi e Heinz Bierbaum. O primeiro é um membro influente da legenda e foi o último líder do Partido Socialista Unificado (SED) da antiga Alemanha Oriental. Já Bierbaum é atualmente líder do Partido da Esquerda Europeia, um agrupamento de legendas de esquerda da UE.
“Os brasileiros merecem um presidente melhor do que o incompetente e perigoso Jair Bolsonaro”, disse Gysi depois do encontro, em comunicado. “Desejamos a Lula sucesso nas eleições presidenciais e, juntamente com outros, o apoiaremos tanto quanto pudermos.”
Saiba mais em: https://www.dw.com/pt-br/estou-muito-satisfeito-diz-scholz-ap%C3%B3s-reuni%C3%A3o-com-lula/a-59811354
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