Trump está contando duas grandes mentiras, e a terceira aparecerá logo.
Por Paul Krugman / Créditos da foto: (Anna Moneymaker/The New York Times)
Eu comecei a escrever uma coluna para o Times em 2000. Minha pegada era para ser economia e negócios. Mas não consegui deixar de perceber que um dos candidatos à presidência daquele ano estava sistematicamente fazendo falsas alegações sobre suas propostas políticas. George W. Bush continuou insistindo que seus cortes de impostos amigáveis ao 1% eram focados na classe média, e seu plano de privatizar a Previdência Social apagou as obrigações do sistema com os estadunidenses idosos.
Na época, no entanto, meus editores me disseram que não era aceitável o uso da palavra “mentira” quando se escreve sobre candidatos presidenciais.
Agora, no entanto, os observadores mais informados finalmente decidiram, eu acho, que é OK reportar o fato de que Donald Trump mente constantemente.
Muitas das mentiras são triviais, frequentemente bizarras, como a alegação repetida de Trump de que recebeu um prêmio que nem sequer existe. Mas o presidente encerrou a campanha desse ano com duas grandes mentiras perigosas – e temos todos os motivos para temer que essa semana ele irá compartilhar uma terceira grande mentira, talvez mais perigosa que as duas primeiras.
A primeira grande mentira é que os EUA estão sendo ameaçados por hordas de “agitadores, saqueadores, incendiários, marxistas, queimadores de bandeiras”.
Qualquer pessoa que andar pelas “jurisdições anarquistas” de Nova Iorque ou Seattle pode ver com os próprios olhos que nada disso está acontecendo. E os dados mostram o óbvio. Um estudo sistemático descobriu que os protestos do Black Lives Matter no verão foram esmagadoramente pacíficos, e que “a maior parte da violência que ocorreu foi, de fato, direcionada contra os manifestantes do BLM”.
Ah, e Trump continua afirmando que Joe Biden não vai condenar a pequena quantidade de violência que aconteceu de fato – quando, na realidade, Biden já fez exatamente isso.
Então Trump quer que os estadunidenses temam uma ameaça que só existe em sua imaginação. Ao mesmo tempo, ele quer que ignoremos a verdadeira ameaça da covid-19.
Nos últimos meses, Trump efetivamente abandonou qualquer esforço de limitar a disseminação do coronavírus. Na realidade, ele vem promovendo essa disseminação ativamente. Um estudo confiável de Stanford estimou que comícios de Trump, que envolvem grandes números de pessoas amontoadas, a maioria sem máscaras, já causou cerca de 30.000 infecções e 700 mortes.
Mas Trump quer que os estadunidenses acreditem que a pandemia – que matou mais cidadãos no mês passado do que os assassinatos em um ano comum – é “fake news”. “Estamos quase lá”, ele insiste, mesmo enquanto infecções e hospitalizações estão crescendo em nível amedrontador. Os veículos de imprensa estão repetindo sobre “covid, covid, covid, covid” somente porque pode pegá-los também. Médicos estão exagerando o número de mortos reportados porque querem fazer mais dinheiro.
Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Pelo-Mundo/A-guerra-contra-a-verdade-chega-ao-climax/6/49214
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