Clipping

O capitalismo criminoso no continente

‘América armada’ mostra o grande negócio da violência e da indústria de armas em países latino-americanos

Por Léa Maria Aarão Reis 

O documentário América Armada, que estreou no NOW esta semana, dura 76 minutos e transita por três regiões do continente latino-americano: Medellin, na Colômbia, Michoacán, no México e algumas das favelas do Rio de Janeiro com destaque para o Complexo do Alemão. A estréia vem a propósito do tresloucado e recente pacote de quatro decretos – que estão em parte vetados, mas mesmo assim em análise – nos quais o governo brasileiro alterava regras de posse e de porte de armas pretendendo ampliar o acesso delas e de munição à população quase indiscriminadamente.

Ao mostrar a brutalidade da vida em um continente cada vez mais feroz, o filme (2017) dirigido por Pedro Asbeg, diretor de Democracia emPreto e Branco e de Geraldinos, e de Alice Lanari, uma das produtoras de Democracia em Vertigem, ganha uma atualidade redobrada e deve ser resumido nesta observação que vem no seu bojo: ”A violência é um grande negócio no capitalismo criminoso da América Latina”.

Ele também é um espelho no qual podemos observar a nós mesmos vivendo nesse ambiente dramático, porém naturalizado, ao acompanhar o trabalho de três corajosos ativistas que enfrentaram o assunto, em campo, filmando com seus celulares ou com equipamento restrito. Raull Santiago, o brasileiro, nasceu e foi criado no Complexo do Alemão, é membro do Coletivo Papo Reto e transmite em laives as ações e abusos da polícia em sua comunidade.

Heriberto Paredes, jornalista mexicano, mesmo ameaçado de morte acompanha a luta de grupos de autodefesa compostos por indígenas, ex-professores e pequenos proprietários de terras que decidiram pegar em armas para defender seus territórios e a vida de suas famílias contra o narcotráfico. São milicianos que ocuparam o vazio da segurança de estado, corrupta, ela própria cúmplice dos traficantes de drogas.

E Teresita Gaviria, mulher de meia idade, colombiana, cujo filho foi assassinado 18 anos atrás. Desde então é militante do grupo Madres de La Candelária, que promove o encontro de mulheres na mesma situação dela com os presos que assassinaram ou desapareceram com seus filhos e filhas.

Saiba mais: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cinema/O-capitalismo-criminoso-no-continente-/59/50133

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