Com vacinação a passos lentos e medidas de combate consideradas insuficientes por especialistas, país tem batido recordes diários de novas infecções e mortes. Governo e oposição politizam combate ao vírus.
A Argentina passa desde fins de março por uma segunda onda de infecções pelo novo coronavírus, com um vertiginoso aumento nos casos de covid-19 e crescente nível de ocupação de leitos de UTIs.
Nesta quarta-feira (19/05) o país registrou um novo recorde diário de infecções, com 39.652 casos em 24 horas. O número total oficial de contágios é superior a 3,4 milhões, registrados desde o início da pandemia.
O recorde diário anterior havia sido registrado um dia antes, terça-feira, com 35.543 novas infecções em um dia. Naquele dia foi também registrado o recorde diário de mortes, com 745 falecimentos. Em todo o país, a pandemia já matou 72 mil pessoas.
Na capital e nas províncias de Buenos Aires, Córdoba e Neuquén, a ocupação nos leitos de UTIs supera os 90%, segundo um levantamento da Sociedade Argentina de Tratamento Intensivo (Sati).
Politização do combate ao vírus
Para evitar o colapso do sistema de saúde, o governo tem imposto restrições às atividades noturnas e às aulas presenciais nas regiões onde o vírus tem se espalhado mais rapidamente.
A suspensão das aulas presenciais foi, porém, rejeitada pelo prefeito de Buenos Aires, Horacio Rodríguez Larreta, que recorreu à Corte Suprema e ganhou o apoio desta.
A oposição tem criticado duramente as medidas de combate à pandemia do governo peronista, de olho nas eleições legislativas de outubro e já na presidencial de 2023, com o argumento de que as medidas atentam contra as liberdades civis.
Mas, diante da gravidade da atual situação, o governo do presidente Alberto Fernández anunciou nesta quarta-feira, em reunião com governadores, que adotará restrições mais duras e pediu o apoio dos líderes das províncias.
Fernández criticou a Suprema Corte por ter permitido a manutenção do ensino presencial, o que, para ele, é um dos motivos para a atual explosão de casos.
Especialistas afirmaram que as medidas adotadas até aqui pelo governo de Fernández não foram suficientemente rigorosas e que médicos de UTIs estão esgotados.
A vacinação, que começou em dezembro, anda a passos lentos na Argentina. Apenas 18% da população, de 45 milhões de habitantes, recebeu a primeira dose, ou cerca de 8,3 milhões de pessoas, e 2,1 milhões já receberam a segunda, ou 4,7% do total de habitantes.
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