Anúncio da candidatura de Lula e irritação de Bolsonaro com tuítes de Leonardo DiCaprio foram destaque nos jornais da Alemanha.
Créditos da foto: Alexandre Schneider/ Getty Images
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou oficialmente sua candidatura para as eleições presidenciais do Brasil em outubro. Sua candidatura é um apelo a todos os democratas que querem reanimar o país, disse o político de 76 anos em São Paulo no sábado.
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O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin é o candidato a vice-presidente de Lula. […] Com Alckmin, Lula espera despertar o interesse de representantes da economia, que não pertencem aos eleitores tradicionais do partido de esquerda PT. Ele [Lula] acusa Bolsonaro de agir de forma irresponsável durante a pandemia de covid-19. O presidente é corresponsável pelos 660 mil mortos no Brasil, disse Lula. Além disso, seu governo levou milhões à pobreza devido à inflação e aos preços altos dos alimentos, acrescentou.
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Durante o governo Lula, o Brasil experimentou um boom econômico. Ele tirou milhões da pobreza com programas sociais. Lula, no entanto, foi condenado a 12 anos e um mês de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro. Ele sempre refutou as investigações como politicamente motivadas. O Supremo Tribunal Federal anulou as sentenças por razões processuais. Em 2019, Lula deixou a prisão. Na época, sua prisão abriu caminho para a eleição de Bolsonaro em 2018.
Süddeutsche Zeitung: Ex-presidente, ex-detento – nova esperança do Brasil (09/05)
Mesmo as maiores campanhas eleitorais se sustentam às vezes com pequenos gestos. Em 2018, por exemplo, quando o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, ainda era um outsider radical, o político ultradireitista subia nos palcos em todo país com o polegar levantado e o indicador estendido, formando uma arminha com a mão. Às vezes, Bolsonaro dava tiros imaginários no ar. Bumm! Bumm! Os fãs gostavam, e, no final, Bolsonaro ganhou as eleições.
Agora, em 2 de outubro, haverá novamente eleições no Brasil, e novamente uma mão com o indicador estendido e o polegar levantado desempenhará um papel. Não porque Bolsonaro provavelmente concorrerá a reeleição, mas porque, quando a mão é virada e o indicador aponta para cima, uma letra pode ser formada em vez de uma pistola: um L – de Luiz Inácio Lula da Silva.
O político de 76 anos já governou seu país uma vez: de 1º de janeiro de 2003 a 1º de janeiro de 2011. Retrospectivamente, foram anos dourados: o preço da soja, milho, trigo, carne, petróleo e gás brasileiros subiram vertiginosamente nos mercados globais de commodities. O dinheiro brotava, a economia bombava, e o Brasil passou de país em desenvolvimento para país do futuro. Copa, Jogos Olímpicos, paz nas favelas: tudo parecia possível.
Na época, muito dinheiro foi investido em programas sociais, e milhões conseguiram deixar a pobreza extrema. Ao mesmo tempo, políticos corruptos enchiam os bolsos, não somente no partido de Lula, o PT, mas também nele. A queda dos preços nos mercados de commodities foi sentida rapidamente no Brasil – e a raiva foi direcionada a Lula e sua sucessora Dilma Rousseff. Em 2016, ela foi afastada do cargo depois de um processo problemático. Lula, ao contrário, foi condenado por lavagem de dinheiro e corrupção num processo judicial também problemático. Em vez de participar das eleições em 2018, nas quais ele provavelmente teria ganho, Lula acabou na cadeia.
Embora tenha recebido apoio proeminente em todo mundo e de fãs no Brasil, esse foi o ponto mais baixo de uma carreira antes sem precedentes. […]
O fato de ele estar fazendo isso novamente [candidatura] está relacionado principalmente com um homem: Jair Bolsonaro. Para seus críticos, o atual presidente do Brasil deixou o país à beira do caos. A Amazônia está em chamas, a economia está empacada, a grama ainda está fresca nos túmulos das centenas de milhares de vítimas da covid-19. Os fãs de Lula o idealizam como uma espécie de salvador. Ele representa os bons velhos tempos, quando o Brasil era um país de milagres e não de crises, mas também um Brasil no qual os cidadãos lutam juntos e não entre si, pelo menos é assim que seu primeiro comercial eleitoral o retrata. […]
Frankfurter Allgemeine Zeitung: Leonardo DiCaprio irrita um presidente (06/05)
O presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, se defende do ativista ambiental mais conhecido de Hollywood Leornardo DiCaprio. Depois de uma série de tuítes nos quais o ganhador do Oscar pediu para jovens brasileiros irem às urnas em outubro para deter o desmatamento da Amazônia, o político foi claro. “É melhor que DiCaprio se cale e não divulgue mais nenhuma besteira”, afirmou Bolsonaro na terça-feira durante um discurso no Palácio do Alvorada. Ele invocou ainda um apelo da Organização Mundial do Comércio de que “o mundo continuará com fome sem a agricultura brasileira”.
DiCaprio é um dos ativistas ambientais mais engajados de Hollywood. Há quase 25 anos, o ator criou uma fundação com seu nome que defende proteção ambiental, energias renováveis e biodiversidade. Mas como o californiano de 47 anos tem um fraco por jatos particulares e iates, ele é acusado repetidamente de ser hipócrita.
Somente nos três primeiros meses do ano, quase 950 quilômetros quadrados de floresta tropical foram desmatados – uma área do tamanho de Berlim.
Veja em: https://www.dw.com/pt-br/o-brasil-na-imprensa-alem%C3%A3-11-05/a-61760135
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