Isolado internacionalmente desde o início da guerra civil, em 2011, líder sírio visitou recentemente a China. Seu homólogo chinês, Xi Jinping, busca “parceria estratégica” com o país do Oriente Médio.
China impediu resoluções da ONU contra a Síria
Ao contrário do Irã e da Rússia, a China não apoiou diretamente o regime de Assad na retomada do controle sobre a Síria desde o início da guerra civil. Entretanto forneceu apoio substancial a Damasco e, com seu poder de veto, juntamente com a Rússia, impediu resoluções da ONU contra a Síria em pelo menos oito ocasiões.
Em outubro de 2017, a agência de notícias estatal Xinhua informou que o governo do presidente Xi Jinping estava pronto para participar da reconstrução da Síria, devastada pela guerra. Com investimentos estratégicos, a China pretende obter acesso aos portos de Latakia e Tartus, no Mar Mediterrâneo, abrindo novas perspectivas para a Nova Rota da Seda, iniciativa a que a Síria aderiu em janeiro de 2022.
Pequim se vê como o “líder do Sul Global”
Para Alfred Wu, da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew da Universidade Nacional de Cingapura, a visita de Assad à China não surpreende, pois Xi Jinping continua tentando desafiar abertamente os Estados Unidos.
“Essa visita não tem nada a ver com a Nova Rota da Seda, porque a China não tem mais condições financeiras de expandir o projeto. Trata-se mais de Xi mostrar que ele é o líder do Sul Global.” Também por isso Xi viajou para a cúpula do Brics na África do Sul, no fim de agosto, mas não para a cúpula do G-20 na Índia, no início de setembro.
Nos últimos tempos, Pequim tem recebido representantes de alto escalão de países condenados ao ostracismo pelo Ocidente. A visita de Assad é outro sinal dessa estratégia, aponta Wu. Mas o líder sírio não pode garantir que essa viagem o ajudará a se libertar do isolamento internacional, já que “no momento ele só pode ir à China, nenhum país ocidental o receberia”.
Haid Haid, do think tank Chatham House, com sede em Londres, escreveu nas redes sociais que a reunião com Xi provavelmente giraria em torno de “convencer a China a ajudar a Síria em sua recuperação econômica”.
No anúncio oficial de Pequim após a reunião entre Xi e Assad, Pequim se afirma disposta a fortalecer a cooperação com Damasco na construção conjunta da Nova Rota da Seda, e a intensificar as importações de produtos agrícolas sírios de alta qualidade. Não está claro quanto de ajuda financeira Assad receberá de fato de Xi após o estreitamento da aliança e a conclusão de uma “parceria estratégica”.
Veja em: https://www.dw.com/pt-br/china-pode-impulsionar-retorno-de-assad-ao-cen%C3%A1rio-mundial/a-66919663
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