Por que a África está se tornando campo de batalha entre Rússia e Ocidente
16/agosto/20230
Por: Julia Braun Role (BBC News Brasil/SP)| Créditos da foto: GETTY IMAGES. Retrato do presidente russo Vladimir Putin durante manifestação para comemorar retirada das tropas francesas do Mali em fevereiro de 2022
Desde que militares deram um golpe de Estado no Níger, as cores da bandeira da Rússia vêm sendo vistas com frequência em ruas de cidades do país, em uma forte indicação de uma mudança na preferência por aliados internacionais em uma nação que por muito tempo viveu sob a influência da França.
O presidente deposto, Mohamed Bazoum, era um grande aliado do Ocidente, mas a junta militar que tomou o poder vem travando uma guerra de palavras com potências ocidentais, que lutam para manter seu domínio não só no Níger, mas em vários países africanos.
O Ocidente, em especial os EUA, acusam o governo de Vladimir Putin de interferir para descarrilar a democracia de algumas nações na África, ao mesmo tempo em que busca aliados para sua posição na guerra da Ucrânia.
Já Moscou rejeita as alegações e insiste na ideia de que suas relações com o continente africano prezam pela “estabilidade, confiança e boa vontade”.
“Inalterado permanece nosso respeito pela soberania dos Estados africanos, suas tradições e valores, seu desejo de determinar independentemente seu próprio destino e construir livremente relacionamentos com parceiros”, escreveu Putin em um comunicado publicado em julho deste ano por ocasião da cúpula Rússia-África, que reuniu diversas lideranças em São Petersburgo.
Para o pesquisador nigeriano Ebenezer Obadare, do think tank Council on Foreign Relations (CFR), a disputa de poder travada entre Rússia e Ocidente na África é mais um capítulo da rivalidade entre esses dois polos de poder, acirrada especialmente no último ano por conta da invasão à Ucrânia.
“O que a Rússia quer na África é o que os países ocidentais também querem ali: influência diplomática, influência na economia e política, projeção de seu poder e influência”, diz. “Não há intenções altruístas, apenas política.”
Bases militares e mercenários
Segundo os especialistas consultados pela BBC News Brasil, a atuação de ambos os lados pode ser percebida principalmente em termos de envio de ajuda e presença militar e investimentos econômicos, mas também por meio de propaganda e influência cultural.
Segundo documentos obtidos pelo site The Intercept, em 2019 os Estados Unidos possuíam 29 bases localizadas em 15 países ou territórios do continente africano.
Outra força com grande presença é a França. O país europeu, que no passado colonizou territórios onde hoje ficam Argélia, Senegal, Chade, Mali, Benin, Sudão, Gabão, Tunísia, Níger, Congo, Camarões e Costa do Marfim, mantém bases no Djibouti, Gabão, Senegal e Costa do Marfim.
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