África avança no combate ao plástico de uso único, com a adoção de leis coibitivas rigorosas pela Nigéria. Porém medidas só valem como parte de estratégia mais abrangente. Ambientalistas reivindicam proibição global.
Necessidade de alternativas ao plástico economicamente acessíveis
Mas ameaças nem sempre têm funcionado na África. Em 2017 o parlamento do Quênia aprovou a proibição das sacolas plásticas; entretanto, sete anos mais tarde, essa forma de embalagem continua onipresente nos mercados de todo o país.
Dorothy Otieno, diretora de programas do Centro de Justiça Ambiental e Desenvolvimento queniano, relata que a indústria local de plástico, que se opunha à lei, simplesmente transferiu suas operações para a vizinha Uganda, onde não há restrições. Mantendo “conexões” com o Quênia, os fabricantes conseguem reintroduzir as sacolas de plástico no comércio, ajudados pela permeabilidade da fronteira, que favorece o comércio ilegal.
Para Sogbanmu, essa inviabilidade de fazer as comunidades adotarem a interdição do plástico também ilustra como é necessário de introduzir a medida gradualmente. Ela lembra que 60 milhões de sachês d’água são consumidos e descartados a cada dia na Nigéria, porém proibi-los seria inútil, a menos que antes se implemente uma solução para suprir a demanda de água potável.
A interdição de plásticos descartáveis na Índia, em 2022, também fracassou inicialmente, devido em parte à falta de alternativas praticáveis e à poderosa influência do setor industrial, apontam especialistas. Assim como na UE, onde o banimento do plástico descartável vale para todos os Estados-membros, na África a cooperação e integração poderia ser um meio de tornar as proibições mais eficazes.
Na opinião de Temitope Sogbanmu, contudo, a solução definitiva é o banimento global. Um acordo nesse sentido está sendo negociado no momento e, caso ratificado, poderá reduzir a poluição plástica mundial em 80% até o ano 2040.
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