Por: Julia Braun | Crédito Foto: GETTY IMAGES. Os líderes de China, Brasil, África do Sul e Índia durante cúpula dos Brics: bloco tem como um de seus principais objetivos impulsionar a agenda do ‘Sul Global’
Uma oportunidade para brilhar. É assim que diversos meios de comunicação e analistas internacionais enxergam o período atual da política externa brasileira.
Ao longo do segundo semestre de 2023, o Brasil ocupou a presidência temporária do Mercosul. Até novembro deste ano, o país também ocupa a liderança rotativa do G20, grupo que reúne as 19 principais economias do mundo, além da União Europeia e União Africana.
Em 2025, o governo brasileiro ainda assumirá a presidência do Brics e sediará a 30ª Conferência sobre Mudanças Climáticas (COP-30).
Todas essas plataformas são vistas como oportunidades para que o país avance sua agenda — e de seus aliados.
Em seu terceiro mandato, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi apontado como um dos principais candidatos para liderar o chamado ‘Sul Global’ em sua busca por mais prestígio no cenário global.
Historicamente, o Brasil foi reconhecido como um “gigante pela própria natureza”, dotado de um potencial de liderança incontestável na América Latina e um ator de relevância em fóruns multilaterais.
Essa imagem, entretanto, tem sido desafiada por um cenário internacional marcado por guerras e disputas geopolíticas e um contexto doméstico que requer cada vez mais atenção.
Nesse contexto, qual a força do Brasil nessa batalha pela liderança do ‘Sul Global’? E quem são os outros concorrentes ao posto de ‘capitão’ desse grupo tão heterogêneo e etéreo?
O que é o ‘Sul Global’?
Apesar do nome, o ‘Sul Global’ nada tem a ver com uma divisão geográfica, mas sim com as estruturas socioeconômicas, aponta Sara Stevano, professora da Universidade de Londres e economista especializada em desenvolvimento.
“Eu consideraria como parte do ‘Sul Global’ um país que tem uma estrutura econômica típica de contextos pós-coloniais, o que significa que a economia é normalmente baseada na exportação de commodities primárias ou mesmo bens manufaturados considerados de menor valor agregado”, diz.
O conceito também inclui as nações consideradas parte da “periferia da economia global” ou que mantêm uma certa dependência em relação aos países do ‘Norte Global’, em especial, Estados Unidos e Europa.
“O espaço que os tomadores de decisões políticas têm nos países do ‘Sul Global’ tende a ser mais estreito do que nos países do ‘Norte Global'”, afirma Stevano.
O termo é muito usado no contexto da mobilização de alguns países em torno de preocupações e interesses comuns, especialmente diante da relação com as grandes potências em questões como comércio ou mudanças climáticas.
Na prática, atualmente tais interesses se manifestam principalmente por meio do Grupo dos 77 (G77) nas Nações Unidas.
Formado por 134 países, o grupo afirma fornecer os meios “para os países do Sul articularem e promoverem os seus interesses econômicos coletivos e reforçarem a sua capacidade de negociação conjunta em todas as principais questões econômicas internacionais dentro do sistema das Nações Unidas e promover a cooperação Sul-Sul para o desenvolvimento”.
China e Brasil, por exemplo, estão entre os que defendem uma reforma da ONU para aumentar a representatividade e o direito à voz das nações do ‘Sul Global’.
Veja em: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c0kl44720r5o
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