ClippingVideo

Fim da última favela no centro de SP vira disputa eleitoral

Encravada em área cobiçada da cidade mais rica do Brasil, favela do Moinho tem destino negociado pelo presidente Lula e governador Tarcísio de Freitas, ambos de olho na eleição de 2026.

Por: Gustavo Basso / Yan Boechat | Crédito Foto: Gustavo Basso/DW. Com três hectares, terreno da favela do Moinho pertence à União; governo paulista planeja transformá-la em parque, em esforço derradeiro para acabar com a Cracolândia

Encravada no coração da região central de São Paulo, a Favela do Moinho se transformou no centro de um embate político entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), os dois políticos mais cotados hoje para disputar as eleições presidenciais do ano que vem.

Ali, na última favela da região central de São Paulo, quase mil famílias se aglomeram em barracos em uma área espremida por duas linhas ferroviárias e, segundo o Ministério Público de São Paulo, controlada pelo tráfico de drogas.

De um lado, está a urgência do governo paulista em revitalizar a região mais degradada do centro da maior cidade do país — e que, até poucos dias, abrigava a maior concentração de usuários de crack na cidade: a Cracolândia. Do outro, está o desejo do governo federal de ganhar pontos com o eleitorado à esquerda, impedindo que a remoção de famílias carentes seja feita na base da truculência.

Criada há cerca de três décadas em uma área do governo federal ocupada por pobres e sem-teto do centro de São Paulo, a favela do Moinho passou a chamar a atenção do governo paulista há alguns anos. De acordo com uma investigação do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público de São Paulo, o Moinho virou uma central de inteligência e distribuição de drogas no centro da cidade, tornando-se o maior fornecedor da Cracolândia.

Diferentes gestões estaduais e municipais vêm tentando revitalizar essa parte da região central. A Cracolândia se tornou uma chaga em uma área fartamente abastecida por equipamentos urbanos, infraestrutura de transporte e uma multiplicidade de centros culturais — uma região com imenso potencial para o mercado imobiliário.

O governo de São Paulo decidiu que será justamente nessa área que ficará a nova sede do Executivo. Um projeto de quase R$ 4 bilhões prevê uma ampla reforma urbanística em toda a região, com demolições de quarteirões inteiros.

Já o terreno do Moinho deve virar um parque, onde estará instalada a mais moderna estação ferroviária do estado, segundo projeto da Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU).