Segundo monitor climático da União Europeia, o Brasil, Venezuela e Bolívia tiveram o pior mês de fevereiro em mais de duas décadas. Especialistas associados quadro às mudanças climáticas, ao El Niño e ao agronegócio.
Incêndios florestais no Brasil, Venezuela e Bolívia geraram as maiores emissões de carbono em mais de 20 anos nos países latino-americanos para o mês de fevereiro, informou nesta quarta-feira (28/02) o Copernicus, monitor climático da União Europeia.
As queimadas que devastaram partes da América Latina nas últimas semanas foram intensificadas pela seca severa que atingiu a região. As estimativas das emissões de carbono decorrentes dos incêndios florestais foram de 4,1 milhões de toneladas no Brasil, 5,2 milhões de toneladas na Venezuela e 300 mil toneladas na Bolívia. Em fevereiro de 2003, as emissões de carbono estimadas para esses países eram de 3,1 milhões de toneladas, 4,3 milhões de toneladas e 80 mil toneladas, respectivamente.
Segundo o Copernicus, a temporada de pico de incêndios florestais na Bolívia e na região amazônica como um todo geralmente era esperada para setembro e outubro.
Mark Parrington, cientista-chefe do Copernicus, explica que a seca em muitas partes da América do Sul fez aumentar o risco de incêndios, e relacionados às queimadas ao “aumento da poluição do ar em áreas povoadas”. O Copernicus também constatou o aumento dos incêndios durante a temporada de pico da seca.
Também em fevereiro, a Amazônia brasileira registrou 2.940 focos ativos de incêndio – um número recorde para esse mês, e o pior da série histórica iniciada em 1999, segundo dados divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espacial (Inpe).
A maior quantidade de incêndios foi registrada no estado de Roraima, que abriga uma reserva indígena yanomami , com 2.001 focos ativos. Em 2003, esse número era de 2.605 para o ano inteiro. Especialistas relacionam o quadro desolador às mudanças climáticas e ao desmatamento ilegal promovido pelo agronegócio.
Aquecimento global piorou secas, aponta estudo
Alguns especialistas chegaram a associar a seca sem precedente que castigou a bacia amazônica em 2023 – e que causou grandes incêndios, além de comprometer safras e o importante tráfego marítimo na região – ao fenômeno climático El Niño (aquecimento acima do normal da água do Pacífico Equatorial, na costa do Peru).
Um estudo recente da World Weather Attribution (WWA), porém, concluiu que o grande responsável pela seca foram as mudanças climáticas causadas pelas emissões de carbono, tornando-a 30 vezes mais provável de junho a novembro de 2023.
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