Em Heliópolis, onde milhares dependem do trabalho informal, falta de alimentos é uma agonia diária para famílias. Doações e distribuição de comida ajudam a amenizar cenário de escassez durante a crise do coronavírus.
Heliópolis, maior favela de São Paulo. No cômodo onde mora com os três filhos, Jucileide, de 32 anos, diz que a comida está faltando. Sem poder trabalhar devido à pandemia do novo coronavírus, a diarista usou a renda emergencial dada pelo governo para pagar o aluguel de 400 reais. Sem saneamento básico, ela vive às margens de um córrego a menos de três quilômetros do monumento imponente que marca o local onde a história oficial conta que a independência do Brasil foi declarada, em 1822.
Para alimentar os filhos, Jucileide agora depende de doações. O frango que acaba de receber de voluntários da Cufa (Central Única de Favelas), vai reforçar as próximas refeições. “Com ajuda, com força do povo, com cesta básica que a gente recebe a gente vai vivendo”, conta Jucileide à DW Brasil.
A vizinha, Márcia, de 30 anos, também conseguiu um frango. Com a filha de um ano no colo e na companhia do filho de cinco anos, ela conta que o marido perdeu o emprego como pedreiro. “A minha avó chegou a pegar esse coronavírus. Ela está em casa agora, não pode ver ninguém”, afirma sobre a familiar com covid-19.
Na manhã fria de outono em que a DW Brasil acompanhou o trabalho da Cufa por Heliópolis, filas se formavam rapidamente quando a distribuição de alimentos era notada pelos moradores. Diante da multidão, os voluntários pediam para que as pessoas não se aglomerassem para evitar o contágio.
Dentro do veículo que usam para fazer entregas, cedido por uma empresa para que a ONG execute atividades do tipo durante a pandemia, a quantidade de alimento não é suficiente para todos que aguardam. Na esperança de conseguir algo, alguns seguem o carro até a sede da Cufa. Na porta da organização, outros moradores de Heliópolis aguardam na expectativa de voltar pra casa com alguma doação.
“A gente não esperava que essa pandemia fosse chegar na favela. Foi um susto quando chegou”, diz Marcivan Barreto, que coordena as atividades da Cufa em Heliópolis. “São 220 mil pessoas que moram aqui. A maioria tem um trabalho informal e está sem renda agora”, explica o morador da comunidade, que todos conhecem pelo nome. “A gente quer ajudar todo mundo. Já tem gente sofrendo com a fome”, relata Barreto.
A maior favela de São Paulo tem uma população difícil de estimar. Segundo o Censo de 2010 do IBGE, há pelo menos 65 mil pessoas em Heliópolis, mas dados da subprefeitura do Ipiranga apontam 180 mil. Já a Cufa estima que sejam 220 mil.
Saiba mais em: https://www.dw.com/pt-br/em-meio-%C3%A0-pandemia-fome-amea%C3%A7a-maior-favela-de-s%C3%A3o-paulo/a-53418955
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