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Anistia Internacional liga JBS a ilegalidades na Amazônia

Produtos derivados de gado criado ilegalmente em reservas e terras indígenas foram identificados na cadeia de fornecimento da empresa brasileira. Maior exportadora de carnes do país, JBS nega irregularidades.

Até chegar a consumidores em outras partes do mundo, parte da carne produzida no Brasil deixa no país um rastro de ilegalidade, de destruição da Floresta Amazônica e de violações de direitos humanos. Segundo o relatório Da floresta à fazenda, publicado nesta quarta-feira (15/07) pela Anistia Internacional, até mesmo a maior processadora de proteína animal do mundo, a JBS, tem envolvimento com essa prática.

Ao longo de seis meses de investigação, uma equipe internacional da ONG encontrou indícios de que bovinos criados ilegalmente em áreas protegidas da Amazônia viraram bifes embalados com o selo da JBS.

“O foco do novo relatório não era a JBS, mas o nome da empresa continuava surgindo à medida que pesquisávamos dados oficiais em Rondônia, em parceria com a Repórter Brasil”, disse à DW Brasil Katharina Masoud, da Anistia Internacional na Alemanha.

Segundo o relatório, foram analisados documentos oficiais de controle de saúde animal, como dados sobre bois transferidos de fazendas localizadas em áreas protegidas em 2019. O material foi obtido através da Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia (Idaron) e do Cadastro Ambiental Rural (CAR), por meio da lei de acesso à informação.

Sem revelar o nome das fazendas envolvidas, a Anistia aponta que a JBS comprou indiretamente gado de uma área usada ilegalmente como pasto dentro da Reserva Extrativista Rio Ouro Preto, unidade de conservação federal.

A empresa também teria negociado gado de fazendas que ocupam terras dentro da Reserva Rio Jacy-Paraná e da Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau. Segundo a lei, a pecuária comercial é proibida nesses locais.

“Há indicações de que esses agricultores podem ter empregado a prática de lavagem de gado (transferência de gado entre fazendas intermediárias para dar aparência de legalidade aos animais) para burlar os sistemas de monitoramento existentes e vender gado criado nessas áreas protegidas à JBS”, diz o relatório.

Invasões em unidades de conservação e terras indígenas explodiram na Amazônia nos últimos dois anos. A criação ilegal de gado vem na esteira: dados do Idaron citados na investigação mostram que, só em abril de 2020, havia 1.502 fazendas registradas dentro de áreas protegidas em Rondônia – um aumento de 33% em comparação com novembro de 2018.

Iniciativas que atuam no campo, como a Comissão Pastoral da Terra, alertam que invasões e conflitos são sempre acompanhados por intimidações, violência e, em alguns casos, assassinatos.

“Embora a Anistia Internacional não tenha encontrado evidências para indicar que a JBS está diretamente envolvida com grilagem de terras, despejos e ameaças documentadas nos três locais, foi documentado que o gado criado ilegalmente em áreas protegidas entrou na cadeia de suprimentos da JBS”, afirma a ONG.

Saiba mais em: https://www.dw.com/pt-br/anistia-internacional-liga-jbs-a-ilegalidades-na-amaz%C3%B4nia/a-54192113

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