Virtual presidente eleito da Bolívia, Luis Arce afirma que a possível volta de Evo Morales – ex-presidente em cujo governo foi ministro – ao país não significa que ele fará parte do novo governo.
As projeções dos resultados das pesquisas eleitorais na Bolívia dão a Arce a vitória na disputa pela Presidência do país. Ao final da votação de domingo (18/10), a boca de urna do instituto de pesquisas Cies Mori e do consórcio Tu Voto apontavam que Arce terá estimados 52% dos votos.
Tanto a presidente interina, Jeanine Áñez, como o principal adversário, Carlos Mesa, reconheceram a vitória de Arce, embora tenham pedido que se espere o resultado eleitoral oficial.
Até esta terça (20/10), haviam sido apurados 60% das urnas, e Arce tinha 50% dos votos, contra 32% de Mesa. Embora ele pareça ter votos para ganhar em primeiro turno, ele deve assumir um país profundamente dividido.
As divisões remetem a 2016, quando o então presidente Evo Morales realizou um plebiscito para perguntar aos bolivianos se queriam mudar a Constituição para permitir sua reeleição para um quarto mandato. Na época, ganhou o “não”.
O partido de Morales, o MAS (Movimento ao Socialismo), levou a questão à Justiça e, em novembro de 2017, o tribunal constitucional do país anulou o referendo e -eliminou os limites à reeleição presidencial.
Morales concorreu à reeleição em 2019, quando se previu um segundo turno entre Morales e Carlos Mesa. Mas a contagem foi interrompida depois de 24 horas, e, quando foi retomada, os resultados deram Morales como vencedor em primeiro turno.
A suspeita de irregularidades desencadeou fortes protestos na Bolívia, pressionando Morales – que renunciou em 10 de novembro de 2019 e deixou o país. Até a publicação desta reportagem, ele se encontrava na Argentina, e disse que só voltará a seu país quando Arce for confirmado presidente.
Quem assumiu o comando do país foi Áñez, então vice-presidente do Senado.
O programa Newshour, da BBC, conversou com Luis Arce a respeito da polarização política boliviana e de qual será a eventual participação de Morales em seu governo. A seguir, a transcrição da entrevista:
BBC – Como o senhor planeja unir um país tão dividido?
Luis Arce – Do meu ponto de vista, o que está dividido são os interesses das pessoas. Quando um país está dividido diante de políticas, partidos ou o que seja, tudo isso são interesses de classes.
Mas, por causa da pandemia, todos começaram a sentir que a economia não está indo bem, que o modelo neoliberal que implementaram em novembro de 2019 não está indo bem.
As pessoas tinham mais benefícios no nosso modelo. Então os interesses estão voltando mais do lado social, do que do lado da direita, que quer se manter no modelo neoliberal, mas os benefícios são mais para os empresários e os ricos.
Saiba mais em: https://www.bbc.com/portuguese/internacional-54621869
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