Seis empresas financeiras dos Estados Unidos investiram mais de US$ 18 bilhões (cerca de R$ 101 bilhões na cotação atual) desde 2017 em nove companhias acusadas de impactar negativamente povos indígenas brasileiros ou que têm planos de iniciar operações dentro de territórios desses povos, afirma relatório publicado nesta terça-feira (27/10) pela Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib) e a ONG americana Amazon Watch.
Mariana Schreiber
Ao evidenciar esses laços, a terceira edição da publicação “Cumplicidade na Destruição” busca pressionar investidores internacionais a adotar e fortalecer mecanismos internos de controle para “garantir que não haja investimentos em áreas de destruição ambiental, violações de direitos humanos e conflitos em Territórios Indígenas”.
As seis empresas financeiras citadas no relatório são as duas maiores gestoras de recursos do mundo (BlackRock e Vanguard), três bancos (Citigroup, J.P. Morgan Chase e Bank of America) e uma gestora de investimentos (Dimensional Fund Advisors).
Segundo o levantamento todas elas têm investimentos em Vale, Anglo American, Cargill, Cosan, Eletrobras, Energisa e JBS — companhias que o relatório acusa de ter provocado sérios danos aos povos indígenas no passado ou de ter planos para iniciar atividades que terão impacto negativo nos seus territórios.
Quatro dessas corporações (BlackRock, Vanguard, J.P. Morgan Chase e Dimensional Fund Advisors) também investiram na Equatorial Energia, que é acusada por Apib e Amazon Watch de não respeitar direitos do povo Krikati ao construir duas linhas de transmissão sobre seu território, no Maranhão.
Além disso, o relatório destaca o investimento da BlackRock na mineradora Belo Sun, que planeja instalar um dos maiores projetos de exploração de ouro a céu aberto da América Latina na Volta Grande do Xingu, no Pará. O projeto sobre críticas de ambientalistas e enfrenta questionamentos do Ministério Público na Justiça.
Procuradas pela BBC News, as empresas citadas negaram as acusações feitas por Apib e Amazon Watch e informaram suas iniciativas para atuar com sustentabilidade.
Elas também ressaltaram que não tiveram acesso à íntegra do relatório antes de sua publicação. A reportagem forneceu a cada uma delas os trechos específicos em que eram feitas as acusações para que pudessem se posicionar.
Entenda melhor a seguir essas acusações e a resposta das companhias e de seus investidores.
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