Após candidata direitista Keiko Fujimori denunciar supostas irregularidades, missão da OEA exalta transparência do processo eleitoral peruano. Esquerdista Pedro Castillo mantém vantagem apertada na contagem dos votos.
Observadores internacionais afastaram a hipótese de fraude nas eleições presidenciais do Peru, após as acusações de irregularidades feitas pela candidata direitista Keiko Fujimori.
Fujimori, que liderava a apuração até a contagem de pouco mais de 90% dos votos, acabou sendo ultrapassada pelo esquerdista Pedro Castillo. Com mais de 97% das urnas apuradas, o sindicalista se mantem à frente por margem bastante apertada, com uma diferença de pouco mais de 70 mil votos.
A candidata direitista, filha do ex-presidente preso Alberto Fujimori, chegou a afirmar que haviam sido detectadas diversas irregularidades no processo eleitoral, e que estava em curso uma “fraude sistemática” no país. Ela acusou seu adversário de “roubar” votos de urnas que teriam sido submetidas a recontagens.
Mas, o chefe da missão de observação eleitoral da Organização dos Estados Americanos (OEA) no Peru, Rubén Ramírez, elogiou nesta terça-feira (08/06) as autoridades do país pela utilização de “mecanismos que asseguram a transparência dos processos eleitorais e garantem a cidadania”.
Em mensagem de vídeo transmitida pelas redes sociais da OEA, Ramírez disse que os peruanos se dirigiram às urnas “de maneira pacífica e voluntária”, e enalteceu as autoridades eleitorais pela “organização de um processo de grande complexidade, marcado pela pandemia e pela polarização política”.
Ramírez assegurou que os dados compilados “confirmam a estreiteza dos resultados que foi apresentada tanto pelas contagens rápidas como pelos dados oficiais divulgados pelo Escritório Nacional de Processos Eleitorais (Onpe). O órgão, por sua vez, pediu que a população tenha “cuidado com notícias falsas sobre as atas eleitorais”.
A missão da OEA acompanhou a votação em 18 regiões do país e em cinco cidades do exterior, e incluiu 40 especialistas de 16 nacionalidades.
Histórico de atrasos na entrega do resultado final
A organização de fiscalização Transparência também atestou a idoneidade da votação. “Estamos perante um processo absolutamente normal. O Peru tem um dos melhores sistemas eleitorais da América Latina”, disse o diretor da ONG, Ivan Lanegra.
As últimas três eleições do país foram marcadas por diferenças apertadas na contagem dos votos nos dois candidatos do segundo turno, o que já chegou a retardar a confirmação do resultado final em até 25 dias, como no pleito de 2006.
O problema se agrava com a logística e a geografia do país, que dificultam a entrega das urnas das comunidades rurais e do exterior. Em 2016, o resultado final da disputa em segundo turno entre Keiko Fujimori e o também direitista Pedro Pablo Kuczynski demorou sete dias para ser confirmado.
Desta vez, porém, a votação foi marcada pela forte polarização em torno de dois espectros políticos diferentes, o que deixou os ânimos ainda mais acirrados no país andino.
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