Por Samuel Pinheiro Guimarães
“O desequilíbrio entre ricos e pobres é a mais antiga e a mais fatal doença das Repúblicas”. Plutarco (46-127 D.C.)
“Sim, há uma luta de classes e nós estamos vencendo”. Warren Buffett, o sexto homem mais rico do mundo.
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1. Em um primeiro artigo foi apresentada a questão mais importante desta e das próximas décadas que é a firme disposição dos Estados Unidos de manter sua hegemonia face à ascensão e competição chinesa.
2. No segundo artigo foram apresentados os principais fenômenos do sistema internacional em que se verifica o confronto entre a República Popular da China e os Estados Unidos da América e as principais visões do sistema internacional em que o confronto e esses fenômenos ocorrem.
3. Os Estados nacionais são os principais atores em qualquer uma das visões do sistema internacional que foram apresentadas anteriormente. No presente artigo será descrita a formação das classes hegemônicas que construíram e que controlam os Estados nacionais.
4. Os aspectos principais da formação das classes hegemônicas nos Estados Unidos da América, na República Popular da China e na Federação Russa serão tratados em artigos específicos devido a:
a. serem os principais protagonistas do sistema e da política internacional atual;
b. sua complexidade, no caso:
· dos Estados Unidos, pela sua característica de Federação e de sede do Império;
· da Rússia, pela transformação radical da sociedade e do Estado que sofreu em 1917, pela situação criada a partir de Gorbachev e Iéltsin e depois em 1999 com V. Putin;
· da China, pela transformação radical com a vitória da Revolução em 1949 e da nova política econômica de Deng Xiaoping a partir de 1979.
5. A formação das classes hegemônicas no Brasil será tratada em artigo específico.
A formação primitiva das classes hegemônicas
6. Em todos os Estados, sejam eles desenvolvidos ou subdesenvolvidos, grandes Potências ou micro-Estados, países de qualquer dimensão econômica e territorial, a delimitação do seu território foi a etapa inicial para aqueles que viriam a integrar as classes hegemônicas e a organizar a exploração dos recursos do solo e do subsolo pela população que habitava aquele território.
7. Os conflitos entre as comunidades primitivas tinham sua causa nas diferenças de localização geográfica; de dotação de recursos minerais; de fertilidade do solo; de características das populações e, portanto, de seu distinto potencial de geração de riquezas.
8. Nas lutas que levaram à delimitação de territórios tiveram papel fundamental os indivíduos que, pela sua força, ou pela habilidade no uso de armas, ou pela sua sagacidade, ou pela experiência, se destacavam na defesa de sua comunidade contra agressores ou no ataque a outras comunidades em busca de escravos, de terras, de botins, e da submissão de populações para impor e receber tributos periodicamente.
9. O núcleo original das primitivas classes hegemônicas era integrado por “militares” que, por seu direito a uma maior parte dos botins, em riqueza, terras e escravos, se tornavam os indivíduos mais ricos de suas comunidades.
10. Os grupos armados de uma comunidade e seus chefes eram objeto de especial consideração de parte dos demais segmentos sociais e tinham direito a honrarias e à maior apropriação dos recursos conquistados nas lutas contra as comunidades vizinhas.
11. Esses grupos armados viriam a constituir o núcleo inicial das classes hegemônicas nas comunidades primitivas, que viriam a ser os futuros Estados nacionais, e daí seu prestígio até hoje, em especial na Metrópole do Império; nas ex-Metrópoles imperiais; na Rússia e na China; e em Estados que estiveram envolvidos e que até hoje estão em disputas, tensões, pressões e conflitos armados, como é o caso da Índia, em relação à China e ao Paquistão.
12. Os grupos armados que vieram a se apropriar de terras e a controlar trabalhadores, livres, escravos ou servos, organizaram a exploração econômica do território e estabeleceram as normas de convívio social em seu proveito, que por longo tempo foram costumeiras e que foram aos poucos se tornando formais, legais.
13. Nesse processo de consolidação de seu domínio escolheram entre si aqueles que deveriam ser os chefes de seu “grupo” militar e, portanto, da comunidade. Essa função passou, com o tempo, a se tornar hereditária e, com a organização dos Estados, seus chefes supremos passaram a ser denominados reis (ou designações semelhantes), com o apoio e aceitação dos demais militares, agora intitulados nobres ou termo equivalente.
14. As classes hegemônicas sempre foram uma ínfima minoria numérica, porém maioria esmagadora em termos de poder econômico e militar dentro de suas comunidades. Seu domínio sobre a população tinha de ser justificado e racionalizado, em especial depois de terem passado os períodos de luta, de conquista e de consolidação do território.
15. Os fenômenos naturais incompreendidos pela população, tais como a fertilidade do solo e dos animais; as estrelas, o sol, a lua; os eclipses; as tempestades, com seus trovões e raios; as inundações e secas e as epidemias, eram considerados divindades ou manifestações de divindades que necessitavam ser invocadas em socorro da comunidade ou apaziguadas e incensadas por rituais e sacrifícios.
Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/As-Classes-Hegemonicas/4/50820
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