Documentário mostra os trolls, perfís falsos e disparos em massa na internet que venceram Hillary Clinton em 2016 e elegeram Donald Trump presidente
Por Léa Maria Aarão Reis
Ampliou-se com celeridade a indústria do cinema documentário e do cinema de ficção fincado nas raízes da realidade; o filme documental. Rapidamente (re)descobriu-se que produzir um doc é muito mais barato, em particular nesta era das inúmeras plataformas do streaming atraindo platéias interessadas em temas específicos e informações mais aprofundadas, que os meios de comunicação corporativos não oferecem mais. Às vezes, as receitas de faturamento dos docs apresentados nas telas de TVs, celulares e computadores são até mais interessantes que o faturamento nos cinemas de carne e osso – o cinema ”tradicional”. O cinema.
Agentes do caos (Agents of Chaos)* é um caso exemplar. O filme é dirigido pelo americano Alex Gibney, Oscar de Melhor Documentário de Longa Metragem de 2008, Um táxi para a escuridão, cujo tema é o arbítrio, tortura e horror da guerra do Iraque. Desde então Gibney consolidou sua experiência de documentarista, soube tirar proveito da notoriedade e trabalha sem parar com as encomendas que recebe na sua produtora hoje famosa, a Jigsaw.
Um dos seus filmes mais polêmicos é sobre o WikiLeaks, Julian Assange e Chelsea Manning – We Steal Secrets: The Story ofWikiLeaks – que foi contestado minuciosamente, do começo ao fim, pelo grupo que se opôs à maneira como Gibney retratou sua história. E um dos projetos mais recentes é A Inventora: à procura de sangue no Vale do Silício (The Inventor: out for bloodin Silicon Valley) que estreou no Festival de Sundance do ano passado.
Agentes do caos se propõe, em dois episódios de mais de uma hora e meia de duração cada um, comentar e provar a interferência de hackers comandados pelo governo russo na eleição de Donald Trump a favor do candidato republicano, até hoje discutida nos EUA.
O filme desfila entrevistas extenuantes com o promotor-chefe da investigação iniciada durante a campanha presidencial, bem antes da eleição, Andrew Weissmann; com o ex-vice-diretor do FBI Andrew McCabe; o ex-diretor da CIA John Brennan; com Margarita Simonyan, editora-chefe da Agência de Notícias da Rússia e a diretora sênior do NSC (Conselho Nacional de Segurança), Celeste Wallander, que insinua, com silêncios maliciosos, que a operação anti-Hillary Clinton teria sido liderada pela inteligência militar russa e aprovada pelo próprio Putin.
Do lado oposto do palco, dos promotores arrependidos por não terem denunciado a campanha dos hackers estrangeiros antes das eleições, os personagens do staff de Trump no início do seu governo, mais assemelhado a um sinuoso grupo de mafiosos. Aliás, os personagens de ambos os lados agem como malandros.
Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Cinema/Como-trabalham-os-agentes-do-caos/59/49424
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