Como o PKK, partido marxista, feminista e com nova leitura do Islã, triunfou em eleições e assumiu o protagonismo político na região. Porque construção da União de Comunidades marca nova etapa, não mais de resistência, mas de edificação
Por Bulend Karadag
Os conflitos recentes no Oriente Médio têm ocupado as primeiras páginas dos noticiários internacionais, mas também têm gerado novos desafios para a doutrina do Estado-Nação, pois as fronteiras nacionais consagradas pelo sistema de tratados posterior à Primeira Guerra Mundial, estão em risco pelos novos arranjos de poder dos países envolvidos nesses conflitos1. O crescimento do movimento curdo aumenta esse risco e tornou-se o elemento-chave no futuro da região2.
Antes de tudo, o Curdistão não é um país, e sim o nome dado a uma região predominantemente habitada por curdos, dividida pelas fronteiras entre Turquia, Irã, Iraque e Síria. O Curdistão tem sido ignorado e desconsiderado de todos os mapas oficiais desde os acordos feitos após a Primeira Guerra Mundial, que obrigaram os curdos a viverem divididos entre quatro países. É estimado que 30 milhões de curdos3 morem nessa área, além de 1,5 milhão espalhados no mundo inteiro pela diáspora. Apesar dos desafios sociais, econômicos e políticos, no começo do século XXI os curdos finalmente apareceram nos cenários políticos, como o novo ator regional que debilita politicamente os Estados presentes na região. O movimento curdo, dividido nos quatro países como um ator não-estatal, permite diferentes formas de atuação política: autonomia reconhecida internacionalmente do Curdistão no Iraque, autonomia legítima do Curdistão na Síria contra as invasões do Regime de Assad e do ISIS (Estado Islâmico do Iraque e do Levante), deputados e prefeitos curdos eleitos na Turquia e as forças armadas curdas que acompanham essas estruturas. Esses são alguns dos exemplos do movimento curdo na luta, não apenas pelo seu reconhecimento, mas também para construir o seu futuro.
Porém, o problema presente do movimento curdo é a ausência de uma estrutura política ou um partido político que alcance todas as partes do Curdistão e unifique o movimento dividido pelas fronteiras. Há dezenas de partidos políticos curdos estabelecidos nas quatro partes do Curdistão, com variação de poder de influência no movimento. Tirando os partidos políticos do Iraque, onde os curdos e sua região são reconhecidos oficialmente, quase todos os partidos curdos são ilegais ou secretos devido à repressão sofrida. O objetivo deste artigo é apresentar um ator político desconhecido, mas crescente do movimento, o Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PKK) e a sua influência nos acontecimentos políticos da região em relação aos curdos.
Saiba mais em: https://outraspalavras.net/geopoliticaeguerra/que-propoe-o-partido-dos-trabalhadores-do-curdistao/
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