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Um roteiro para enfrentar a COVID-19 na América Latina

Um olhar sobre a ética e os imperativos econômicos da pandemia, por um grupo de ex-presidentes da América Latina, ex-funcionários públicos e ilustres acadêmicos.

Por Americas Quarterly

*por Fernando Henrique Cardoso, Ricardo Lagos, Juan Manuel Santos, Ernesto Zedillo Ponce de Léon, Mauricio Cárdenas, Roberto Chang, José De Gregorio, Ilan Goldfajn, Ricardo Hausmann, Eduardo Levy Yeyati, Federico Sturzenegger, Rodrigo Valdés e Andrés Velasco

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A pandemia da COVID-19 é um choque de magnitude sem precedentes, duração incerta e consequências catastróficas que, se não forem abordadas adequadamente, podem levar a um dos episódios mais trágicos da história da América Latina e do Caribe. A crise requer uma ação rápida e decisiva, mas as respostas políticas em nossa região não foram uniformes. Vários governos reagiram prontamente, tornando a proteção da saúde pública seu principal objetivo. Infelizmente, outros tendem a minimizar os riscos da pandemia, desinformar os cidadãos e desconsiderar as evidências científicas e os conselhos de seus próprios especialistas. Em vez de mobilizar todas as capacidades à sua disposição, alguns líderes optaram por adotar políticas populistas e divisivas no meio dessa tragédia. Os latino-americanos merecem muito mais.

A supressão da epidemia, para minimizar sua morbidade e mortalidade, deve ser nossa principal prioridade. A América Latina deve se concentrar em atualizar nossos sistemas de saúde, canalizar recursos para hospitais, adaptar temporariamente a infraestrutura ociosa, como hotéis e centros de convenções, e aumentar drasticamente a capacidade de aplicar testes.

Além da interrupção maciça da produção doméstica, as economias latino-americanas estão sofrendo com a queda dos volumes e preços das exportações, perda de receita com o turismo e com as remessas e grandes saídas de capital. O choque de oferta em grande parte da economia, associado a um choque de demanda mais amplo, pode desencadear uma espiral contracionista. Para evitar esse resultado, são essenciais políticas ousadas para proteger a renda de indivíduos e famílias. Isso envolve o fornecimento de transferências monetárias para aqueles que ficaram em uma posição vulnerável pela crise, incluindo trabalhadores informais e independentes que não podem acessar subsídios de emprego ou seguro-desemprego.

Ao apoiar empregos e rendas da força de trabalho, o alívio para as empresas também é essencial – tanto para permitir que elas enfrentem o período de amplo distanciamento social, quanto para garantir que elas se recuperem posteriormente. Os subsídios para ajudar as empresas a pagar sua folha salarial, condição para a manutenção do emprego, protegem empresas e trabalhadores durante a crise e são cruciais para uma rápida recuperação da economia quando as condições se normalizarem. Se as falências generalizadas não forem evitadas, a próxima vítima da crise poderá ser o sistema bancário. Nesse ponto, o sistema de pagamentos, e, de fato, toda a economia, correria o risco de entrar em colapso.

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