Mar Cáspio perderá até um terço de sua área por causa da evaporação causada pela mudança climática
Miguel Ángel Criado
Uma das maiores catástrofes ambientais do século XX foi o quase total desaparecimento do mar de Aral. A do século XXI pode ser a dessecação do maior lago do planeta. Um grupo de cientistas alerta que o mar Cáspio poderia perder até um terço de sua superfície até 2100. No primeiro caso, a origem do desastre foi a política agrária da antiga União Soviética e das repúblicas sucessoras. No segundo, é a mudança climática que está evaporando mais água do que chega dos rios.
O Cáspio, uma das fronteiras naturais entre a Ásia e a Europa, vem perdendo água desde a década de 1970. O ritmo da redução, entretanto, era de um ou dois centímetros por ano. Parecia uma perda aceitável em um enorme lago de 371.000 km², uma área ligeiramente superior à do Mato Grosso do Sul. Mas um grupo de pesquisadores holandeses e alemães comprovou que o ritmo de dessecação se acelerou para seis ou sete centímetros por ano e aumentará ainda mais nas próximas décadas.
“Nosso modelo prediz uma redução de nove metros no nível do mar Cáspio em um cenário de emissões [do CO2] intermediário, e de 18 metros em um cenário de altas emissões até o final do século”, diz Matthias Prange, pesquisador da Universidade de Bremen (Alemanha) e coautor deste estudo sobre a evolução desse lago salgado. Medindo pela área que ficou seca, no primeiro caso o Cáspio perderia 23% de sua superfície, diz o estudo. No segundo, o mais provável se não se cumprirem os Acordos de Paris sobre a mudança climática, 34% deste mar desapareceria.
A água do Cáspio depende de três fatores principais: o rio Volga responde por 90% do seu volume hídrico. Outra contribuição significativa é a das precipitações de inverno. Do outro lado da equação estão as perdas por evaporação quando o termômetro sobe. Dos três, o que está mudando é a temperatura, mostra o estudo, publicado na revista científica Communications Earth and Environment.
“No caso do mar Cáspio, o efeito da evaporação é, de longe, o mais importante”, afirma Prange. De fato, tudo indica que as precipitações invernais na parte norte da bacia do Volga deverão crescer. “Portanto, o caudal do rio e seu despejo no mar Cáspio podem aumentar ligeiramente no futuro. Entretanto, o maior efeito da evaporação do lago levará à diminuição projetada do nível do mar”, completa.
Saiba mais em: https://brasil.elpais.com/ciencia/2021-01-04/maior-lago-do-mundo-esta-a-caminho-de-secar.html
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