Em setembro de 2001, após os atentados contra o autodenominado “Centro Comercial Mundial” e à sede do Departamento de Defesa (Pentágono), nos Estados Unidos, Genildo Batista, após refletir sobre os acontecimentos, escreveu para sua organização o texto intitulado “PAZ E ANTIIMPERIALISMO”, iniciando com esta citação de Leon Trotsky:
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“Que um atentado, inclusive ‘bem sucedido’, provoque confusão entre a classe dirigente, depende de circunstâncias políticas concretas. De qualquer maneira, esta confusão sempre dura pouco; o estado capitalista não se sustenta sobre os ministros de governo e não pode ser eliminado com eles. As classes a que servem sempre encontram quem os substitua; a maquinaria seguirá intacta e
continuará funcionando.
Mas, a desordem que um atentado terrorista provoca entre as massas operárias é mais profunda. Se basta armar-se com um revólver para lograr o objetivo, para que os efeitos da luta de classes? Se um pouco de pólvora e de chumbo bastam para atravessar o pescoço do inimigo e matá-lo, para que faria falta uma organização de classe? Se existe sentido em aterrorizar as mais altas autoridades
mediante o estampido das bombas, é necessário um partido?”
L. Trotsky
E ao longo do texto ele aborda, além dos fatos ocorridos, sua repercussão e a reação imperialista, que o governo Bush começava a preparar “com a cumplicidade rastejante dos governos do G-8, da chamada Comunidade Europeia e da América Latina, Brasil à frente”, passando por cima das leis e acordos que conformam o chamado “direito internacional””.
Trata de forma mais detalhada sobre “Terror e Terrorismo Político” e relembra que “o terror tem sido a crônica cotidiana do imperialismo, especialmente o estadunidense”, citando suas agressões então recentes: Iugoslávia, Iraque, Panamá, Granada, Nicarágua, El Salvador, Cuba, Vietnã, além de “sua co-participação no terror sistemático do Estado Israelense contra os palestinos”.
Destaca, também, “Os revolucionários e o Terrorismo”, parte que ele encerra com a afirmação de Che Guevara de que o terrorismo é “uma arma negativa que não produz em nenhum caso os efeitos desejados, podendo até induzir o povo a uma atitude contrária a um determinado movimento revolucionário, levando a uma perda de vidas, entre seus executores, muito superior àquilo que rende como vantagem”.
Aborda ainda “As Torres Gêmeas e o Metrô de Tóquio”, ao se referir às incertezas acerca dos fatos ocorridos nos Estados Unidos (EUA) e faz um paralelo com os atos praticados, com a utilização de gases tóxicos, por forças de direita, no Metrô de Tóquio. Destaca que, “do ponto de vista das consequências práticas, o atentado apontou que os EUA não são uma fortaleza inexpugnável. Ademais, adicionou, no curto prazo, mais combustível à crise dos mercados financeiros, ao mesmo tempo disseminando pânico e estimulando o frenesi dos especuladores, jogando as bolsas de valores em queda livre…”. Que o referido atentado se caracterizou como um típico “ato exemplar” de um pequeno número de abnegados executores, portanto, nitidamente em substituição a uma eventual ação de massas, que é a única efetivamente capaz de protagonizar e sustentar transformações radicais”. Além destas, faz várias afirmações, inclusive, em relação à posição do Brasil: o presidente Fernando Henrique Cardoso (FHC) “liderou” na Organização dos Estados Americanos (OEA) “o movimento para ressuscitar a burlesca cláusula do Tratado Interamericano de Assistência Militar Recíproca (Tiar), através do qual todos os países do continente americano supostamente devem agir como se fossem individualmente atingidos, se algum membro da combalida organização for atingido”. E relembra que “nenhum governo membro da OEA lembrou-se dessa tal cláusula, quando a Inglaterra atacou a Argentina na ‘guerra das Malvinas’”.
E conclui o texto afirmando que: 1. Em relação ao atentado em si destacando-se “sempre o que tem sido as práticas de terror das classes dirigentes dos EUA no mundo (em Hiroshima e Nagazaki, no Vietnã, em Cuba, no Iraque, na Líbia, no Panamá, em Granada, na Palestina, na Iugoslávia etc. etc.), impõe-se à condenação dos atentados, bem como a solidariedade ao povo estadunidense”; 2. Frente à retaliação do imperialismo, “impõe-se nosso engajamento e construção de movimentos de massa em defesa da paz, contra a “vingança” estadunidense”; 3.
Diante da vassalagem do governo FHC “impõe-se trabalhar – na institucionalidade e nos movimentos sociais – a fim de impedir que qualquer parcela do patrimônio público seja utilizada em apoio ao esforço bélico imperialista”. De outro lado, a conduta subordinada de FHC e aliados, mantém a atualidade da nossa luta em defesa da soberania nacional e abre espaço para a denúncia sistemática do governo como subserviente e antinacional, acumulando para o aprofundamento do seu desgaste e para que os movimentos sociais fortaleçam-se numa linha antiimperialista e anticapitalista.
E desde 2001 já se vão mais de duas décadas de intensificação dos ataques imperialistas e capitalistas aos direitos, à paz, aos povos e ao planeta!
Temos visto cenas dramáticas de guerras declaradas ou não! E verdadeiros extermínios e massacres, com armas de guerra, cada vez mais potentes. Temos visto milhares de pessoas à deriva, nos mares – verdadeiros navios negreiros – fugindo de guerras financiadas pelo grande capital ou da miséria ou da fome igualmente produzidas.
Massacres e Guerras que ocorrem neste momento, ao mesmo tempo em que ocorre a guerra da Rússia contra a Ucrânia (financiada pela OTAN), como por exemplo a guerra não declarada desencadeada contra o povo brasileiro, especialmente contra as mulheres e os jovens pobres e negros. Em 2021, mesmo com uma queda de 7%, os homicídios dolosos no Brasil totalizaram 41.100 pessoas assassinadas https://bityli.com/USrjv
E tudo ocorre ao mesmo tempo em que, em nome da paz, da democracia, do desenvolvimento, da garantia dos direitos humanos, os Estados Unidos e seus aliados, representando os interesses das grandes corporações, especialmente bancos, promovem e financiam as guerras, os conflitos, criam as crises econômicas e avançam principalmente sobre as riquezas financeiras e minerais, sobre as águas e os territórios, saqueando e dominando praticamente tudo, de acordo com seus interesses econômicos, estratégicos e geopolíticos..
Há 102 anos, Lenin afirmava “o capitalismo transformou-se num sistema universal de subjugação colonial e de estrangulamento financeiro da imensa maioria da população mundial do planeta por um punhado de países “adiantados”, “armados até os dentes”, os quais “dominam o mundo e arrastam todo o planeta para a sua guerra, pela partilha do seu espólio””.
Afirma que “a prova do verdadeiro caráter de classe de uma guerra” não se encontra na “história diplomática”, que é preciso colher “obrigatoriamente, todo o conjunto dos dados sobre os fundamentos da vida econômica de todas as potências beligerantes e do mundo inteiro”.
QUEREMOS A PAZ! Mas o que é a Paz?
Principalmente nos momentos de guerra é comum ouvirmos clamores em defesa da PAZ. Mas, o que é a paz?
Tradicionalmente a PAZ, de um modo geral, é tida como a ausência de guerra, a solução ou cessação de um conflito. Mas, são várias as dimensões a serem observadas, os modos de se conceber, as formas e os tipos de paz.
Ao tratar sobre o Imperialismo, Lênin faz referência à Paz de Brest-Litovsky, uma paz “injusta e espoliadora”, firmada em março de 1918 entre a Rússia Soviética e as potências da denominada “aliança quadripartida (Alemanha, Áustria Hungria, Bulgária e Turquia”), na qual a Rússia perdia parte da Bielorússia, a Ucrânia, além de outras partes do seu território. Este acordo foi anulado em novembro de 1918, após a queda da monarquia na Alemanha. Faz referência, também, à Paz de Versalhes, que ele considera ainda “mais brutal e infame”, imposta pelos Estados Unidos, França e Inglaterra; as quais serviram para desmascarar os que “procuravam mostrar que a paz e as reformas são possíveis sob o imperialismo”.
Bobbio e outros, em DICIONÁRIO DE POLÍTICA (12ª edição) falam sobre PAZ INTERNA E EXTERNA, a PAZ COMO NÃO-GUERRA, PAZ NEGATIVA E PAZ POSITIVA, A PAZ COMO VALOR, O VALOR DA PAZ EM SI, A PAZ COMO MEIO, TIPOLOGIA DA PAZ.
Eles destacam a classificação de Raymond Aron, segundo a qual existem três tipos de Paz: “POTÊNCIA”, “IMPOTÊNCIA” E “SATISFAÇÃO”. A primeira subdivide-se em três subespécies, de acordo com a relação de igualdade ou de desigualdade entre os grupos: Paz de “EQUILÍBRIO” (relação de igualdade), “HEGEMONIA” (desigualdade baseada na preponderância de um sobre os outros) e “IMPÉRIO” (desigualdade baseada na força, “verdadeiro e autêntico domínio”).
A PAZ DE IMPOTÊNCIA ou ‘EQUILÍBRIO DO TERROR’ surgiu com a guerra atômica e se caracteriza por aquele estado que “reina entre as unidades políticas, cada uma das quais é capaz de infligir à outra um golpe mortal”.
Já a PAZ DA SATISFAÇÃO ocorre quando em “um grupo de Estados, nenhum deles nutre ambições territoriais ou de quaisquer outro tipo para com os outros, e as suas relações se baseiam na confiança recíproca, que é justamente o oposto do temor recíproco”.
Segundo os referidos autores, a classificação de Aron, assim como todas as classificações, não é totalmente satisfatória pelo seguinte: 1. Faltam a PAZ DE EXTERMÍNIO (“mais resolutiva que a paz de império”) e a PAZ CONFEDERATIVA (aliança em que “os Estados confederados instituem um órgão político de caráter diplomático, composto de representantes de cada Estado, com a incumbência de tomar decisões de interesse comum”); 2. “A distinção entre PAZ DE POTÊNCIA e
PAZ DE IMPOTÊNCIA é forçada”, pois “a PAZ DO TERROR é a PAZ do máximo de potência, da superpotência e não de impotência e que o equilíbrio das potências é, ao mesmo tempo, o equilíbrio das impotências. O EQUILÍBRO DO TERROR não é senão a forma extrema da PAZ DE EQUILÍBRIO”.
Eles concluem afirmando que “… não existe uma PAZ DE POTÊNCIA e uma PAZ DE IMPOTÊNCIA, mas PAZ onde a potência e a impotência se acham diversamente distribuídas”. E que “Da PAZ DE POTÊNCIA, que é ao mesmo tempo de IMPOTÊNCIA, se distingue a PAZ DE SATISTAÇÃO, onde a ausência de guerra depende, não do temor, mas da falta de conflitos que, por sua gravidade, só podem ser resolvidos pela força”.
Observando a história constata-se que realmente só há PAZ quando em “um grupo de Estados, nenhum deles nutre ambições territoriais ou de quaisquer outro tipo para com os outros, e as suas relações se baseiam na confiança recíproca”. E mais, só essa PAZ, a da SATISFAÇÃO é uma PAZ duradoura.
COMO ISSO É POSSÍVEL? Como assegurar essa paz em um mundo capitalista, onde cada vez mais se ampliam e aprimoram os mecanismos de exploração, opressão, dominação, concentração das riquezas, dos recursos financeiros e minerais, da vida em todas as formas? Em um mundo em que grandes corporações, governos, parlamentos e justiça, de um modo geral, estão a serviço de um punhado de famílias, que dominam o mundo?
Não tenhamos ilusões! Se somos a favor da PAZ devemos lutar contra o IMPERIALISMO e contra o Sistema da Dívida, a forma como o sistema capitalista opera hoje, tendo como seu grande operador o BANCO BIS, criado na Conferência de Haia em 1930. Este banco privado é formado por 191 bancos centrais; destes, 62 são Bancos Centrais Associados e 129 são Bancos Centrais Subordinados. O Banco Central do Brasil, que agora é independente, inclusive na lei, é um banco subordinado ao BIS.
Os 62 bancos centrais associados são os donos do BIS. E destes, apenas 06 possuem mais de 55% das ações correspondentes ao poder de voto: os Bancos Centrais da Bélgica, Inglaterra, França, Alemanha, Itália e Estados Unidos da América do Norte.
Os bancos centrais subordinados se submetem aos princípios, metas, resoluções, orientações emanadas do BIS e impostas aos diversos países do mundo através do Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Mundial, Comitê de Basileia, dentre outros órgãos, comitês, fóruns etc., criados pelo BIS.
O objetivo do Banco BIS é “garantir a estabilidade das instituições financeiras, a supremacia sobre os países e a livre circulação do dinheiro entre os países”.
MAS, O QUE É O IMPERIALISMO?
Assim como em relação à PAZ existem várias teorias sobre o IMPERIALISMO, as quais trataremos de forma breve.
Trata-se de um fenômeno que tem se manifestado de diversas formas e modalidades ao longo da história, mas a palavra “Imperialismo” data da década de 1870, na Inglaterra, quando usada para denominar a política de Disraeli, cujo objetivo era “robustecer a unidade dos Estados autônomos do Império, ou seja, criar a imperial Federation”.
Resumindo a história dos monopólios em seu livro “O IMPERIALISMO, FASE SUPERIOR DO CAPITALISMO, publicado em abril de 1917, Lênin afirma que as décadas de 1860 e 1870 foram o “ponto culminante da livre concorrência”, mas os “germes” dos monopólios já eram perceptíveis. Que após a crise de 1873 houve um “longo período de desenvolvimento dos cartéis”, mas ainda não eram sólidos. Alcançam o auge “de fins do século XIX e crise de 1900 a 1903”, quando passam a ser “uma das bases de toda a vida econômica. O capitalismo transformou-se em imperialismo”.
E o que fazem os cartéis? “Estabelecem entre si acordo sobre as condições de venda, os prazos de pagamento, etc. Partilham os mercados de venda. Fixam a quantidade de produtos a fabricar. Estabelecem os preços. Distribuem os lucros entre as diferentes empresas, etc.)”.
Vimos agora, durante a pandemia, o grau de controle, exploração e de dependência a que se chegou. Tá tudo – absolutamente tudo – dominado e partilhado de acordo com os interesses imperialistas, especialmente dos Estados Unidos.
As primeiras teorias sobre o imperialismo surgiram em fins do século XIX e têm se desenvolvido até os dias atuais. É que, após a unificação italiana e alemã, “se iniciou uma fase histórica marcada por uma especial intensidade e qualidade dos fenômenos imperialistas. Com efeito, entre 1870 até a deflagração da Primeira Guerra Mundial, deu-se a repartição quase completa da África entre os Estados europeus e a ocupação (em que participou também o Japão e, em medida mais restrita, os Estados Unidos) de vastos territórios da Ásia, ou sua subordinação à influência europeia (China, Pérsia, império otomano)”. Entre 1914 e 1945 a Alemanha, Japão e Itália buscaram expandir sua hegemonia, respectivamente, sobre a Europa, Ásia e África (Etiópia).
Depois de 1945 o imperialismo continuou a manifestar-se de formas diversas “quer nas relações hegemônicas entre as duas superpotências e os Estados dos respectivos blocos, quer na política neocolonialista praticada principalmente pelos Estados Unidos, mas também, em menores proporções, pelas demais potências capitalistas”.
As teorias sobre o Imperialismo estão agrupadas em quatro correntes fundamentais: as de inspiração marxista, a social-democrática, a liberal e a da razão de Estado.
As principais teorias de inspiração marxista são: 1. Teoria do subconsumo (Rosa Luxemburgo); 2. Teoria Leninista (Lênin); 3. Capitalismo monopólico (Baran e Sweezy).
A primeira parte do fato de que com a acumulação capitalista a classe trabalhadora tem baixo poder aquisitivo (e em consequência, baixo consumo interno), fazendo-se necessário uma terceira pessoa (economia agrária, colônias, mercados externos) para absorver a produção.
A segunda baseia-se na tendência de queda das taxas de lucro devido à concorrência entre os capitalistas, o que leva “os monopólios financeiros dos Estados mais avançados do capitalismo” a explorarem “o mercado mundial, entrando em conflito com outros grupos financeiros que tentam fazer o mesmo, pois os lucros obtidos no mercado interno tendem a desaparecer”.
Com o desenvolvimento do capitalismo passou-se da fase de “mercado concorrencial” à de “mercado monopólico”, no qual poucas pessoas “controlam enormes complexos com milhares de trabalhadores. É a fase mais avançada do capitalismo”.
Com o crescimento e consolidação dos monopólios, o que ocorreu?
O poder econômico passou a controlar os Governos dos países. E o capital financeiro (fusão do capital bancário com o capital industrial) passou a controlar as matérias primas e os mercados mundiais. Em outras palavras, “o mundo é dividido em áreas de influência entre os diferentes monopólios, ou então, o que é o mesmo, entre diferentes Governos”.
As duas teorias anteriores foram formuladas na época em que o imperialismo se manifestava na forma do colonialismo. E a análise de Lênin, com as devidas adequações, pode ser aplicada ao neocolonialismo, onde os governos dos países explorados são formalmente “independentes” (entre aspas) dos países exploradores.
Lênin destacou cinco traços fundamentais do Imperialismo: “1) a concentração da produção e do capital levada a um grau tão elevado de desenvolvimento que criou os monopólios, os quais desempenham um papel decisivo na vida econômica;
2) a fusão do capital bancário com o capital industrial e a criação, baseada nesse “capital financeiro”, da oligarquia financeira; 3) a exportação de capitais, diferentemente da exportação de mercadorias, adquire uma importância particularmente grande; 4) a formação de associações monopolistas internacionais de capitalistas, que partilham o mundo entre si, e 5) o termo da partilha territorial do
mundo entre as potências capitalistas mais importantes”. E concluiu que, levando em consideração apenas “os conceitos fundamentais puramente econômicos”, “o imperialismo é o capitalismo na fase de desenvolvimento em que ganhou corpo a dominação dos monopólios e do capital financeiro, adquiriu importância assinalável a exportação de capitais, começou a partilha do mundo pelos trusts internacionais e terminou a partilha de toda a terra entre os países capitalistas mais importantes”.
Já a terceira teoria considera a “economia monopólica como principal fator de estímulo imperialista”, substitui o conceito de “mais valia” por “surplus” (excedente) e inova com a tese relativa ao militarismo. Esta teoria foi elaborada com base na economia norte-americana e seus autores, os norte-americanos Baran e Sweezy, consideram que “os Estados Unidos não teriam tido, depois da guerra, um desenvolvimento tão rápido e de dimensões tão impressionantes, se não tivessem destinado parte considerável do seu orçamento aos armamentos”.
A teoria social-democrática rejeita a ligação orgânica entre imperialismo e capitalismo e está convicta de que com “reformas democráticas” e “reformas econômico-sociais” é possível eliminar as tendências imperialistas existentes no capitalismo (“aliáveis às tendências imperialistas provenientes de grupos sociais pré-capitalistas, como as castas militares por exemplo”).
A teoria liberal conclui que “o imperialismo moderno, longe de ser um produto do modo capitalista de produção, é, ao contrário, o resultado de condições políticas, culturais, psicológicas, sociais e econômicas pré-capitalistas, que o desenvolvimento capitalista não conseguiu ainda eliminar”.
A teoria da razão de Estado, se contrapõe às demais correntes, para as quais “o Imperialismo deriva fundamentalmente das estruturas políticas internas e/ou econômico-sociais dos Estados, podendo por isso ser superado com a transformação de tais estruturas (obviamente em diferentes direções, segundo os diversos pontos de vista)”.
Esta corrente “vê no Imperialismo, em última análise, uma consequência da estrutura anárquica, porquanto fundada na soberania estatal absoluta, das relações internacionais”. Para ela “a anarquia internacional estabelece entre os Estados, qualquer que seja o seu sistema econômico-social e o seu regime político, a lei da força, transformando, por isso, inexoravelmente, a diversa distribuição do poder entre os Estados em domínio dos mais fortes sobre os mais fracos e, consequentemente, em possibilidade de exploração econômica destes por aqueles”. E “impele, por outro lado, todo o Estado, em especial as grandes potências, a reforçar incessantemente, por necessidade de segurança, o próprio poderio, mesmo mediante a conquista territorial, onde e quando se ofereça a ocasião e a possibilidade, para prevenir a intervenção das potências concorrentes”. Deste modo, “a única forma de eliminar pela raiz o Imperialismo, assim como em geral as guerras” seria com “a superação da anarquia internacional por meio de uma
Constituição federal mundial, que substitua a política de potência pela defesa jurídica da independência das nações”.
A ciência burguesa, desde o início do século XX “se esforçava por dar uma interpretação da essência do imperialismo, que reconheceu como sendo uma propriedade eterna, supra-histórica, de todos os organismos vivos, e não como uma forma histórica concreta da dominação da burguesia”.
Mas é cada vez mais nítido o caráter e o papel do imperialismo no mundo. Não dá mais para mascararem a sua essência e nem para o identificarem como alguma de suas manifestações: 1. O imperialismo é a fase atual do capitalismo e sua necessidade de expansão não é “inerente à própria natureza de todos os seres vivos”; 2. Não é possível acabar com o imperialismo, apenas “substituindo os “maus” políticos pelos “bons”, sem proceder a uma transformação revolucionária das bases econômicas da sociedade capitalista”; 3. A natureza e a essência do imperialismo estão na “esfera da produção material” e não “na do crédito, das finanças”. Portanto, não dá para lutar “contra o imperialismo, agindo sobre a esfera da circulação e deixando por completo os meios de produção nas mãos da burguesia”; 4. O imperialismo não acabou com “a desintegração do sistema colonial”.
Há 106 anos atrás Lênin chegou “à conclusão de que a passagem do capitalismo à dominação dos monopólios e da oligarquia financeira marcava uma virada decisiva na história da formação capitalista”, que o capitalismo atingira o ápice do seu desenvolvimento e entrara em um estágio descendente, “final da sua existência”. E que “era chegado o tempo de o substituir por uma ordem econômica e social mais progressiva”. Fez referência à “insurreição dos escravos”, ao “movimento camponês na Idade Média”, à “revolução burguesa na Inglaterra” e à “revolução francesa no fim do século XVIII”, afirmando que as mesmas abrangiam diretamente apenas “uma escassa parte dos povos do globo terrestre” e que ao criar no começo do século XX, “um sistema mundial de exploração de todos os povos da Terra, o imperialismo, pela primeira vez, tornou inevitável a revolução mundial”.
Mas destacou que o “o velho mundo não abandona a arena de bom grado” e “mobiliza todas as suas forças para defender os seus privilégios, para proteger uma ordem que teve a sua época”. E que “o imperialismo americano, o mais reacionário de todos, é o que se colocou à testa destas forças”, colocando-se como “guardião universal que defende o velho mundo contra a revolução social por todos os meios de que dispõe: pelos métodos da diplomacia, pela força da pressão econômica, exercida para asfixiar os movimentos revolucionários sob a divisa da “liberdade” e da “democracia”.
Tariq Ali, em A NOVA FACE DO IMPÉRIO, publicação original de 2005, afirma que “Todos os impérios foram fundados por causa da necessidade do capital de se expandir e encontrar novos mercados”. Que assim foram criados os impérios
britânico, holandês, belga, francês. E que a Primeira Guerra Mundial foi travada por causa da expansão colonial, ou seja, “quem controlaria os mercados?”
E que “a diferença entre os antigos impérios e o americano é que os Estados Unidos geralmente preferem trabalhar por meio de intermediários locais, governantes da região que são a favor deles”.
Ele faz referência à “Estratégia de Segurança Nacional dos Estados Unidos publicada pela administração Bush em setembro de 2002” e afirma: “Eles dizem que a defesa do livre comércio – isto é, o livre comércio como o vemos e de acordo com as regras que fazemos – é um princípio sagrado e moral. E de modo a defendê-lo, estamos preparados para ir à guerra. Este tem sido o princípio de todos os impérios”.
O que se observa nas últimas décadas e em especial nos últimos anos?
A natureza dando respostas aos ataques e à sanha destruidora do capitalismo, com fenômenos cada vez mais assustadores. Os governos de um modo geral, representantes do grande capital, especialmente dos banqueiros, destruindo direitos básicos elementares, acabando com o denominado “estado de bem estar social” para quem conseguiu conquistá-lo, ampliando e intensificando a barbárie nos países periféricos do sistema capitalista, promovendo e financiando guerras e massacres de países pelo mundo afora, com o objetivo de garantir os interesses de um pequeno número de famílias e suas megaempresas (“147 megaempresas controlam 40% da riqueza mundial”), com graves consequências para a vida das pessoas e do planeta.
Em junho de 2020 eram mais de 80 milhões de pessoas refugiadas e deslocadas, ou seja, pessoas fugindo de guerras, fome, violência, perseguições etc.. https://bityli.com/eTczm
Milhares ficaram à deriva nos mares, sem ter onde aportar, em plena Europa e muitos/muitas, inclusive crianças, perderam suas vidas buscando um porto onde pudessem desembarcar e ser recebidos dignamente como seres humanos.
E no momento em que o mundo enfrenta a pandemia, que escancarou a verdadeira face do sistema capitalista, vemos mais uma guerra na Europa. A diferença é que, de um lado está uma potência militar, a Rússia, e do outro a Ucrânia, financiada pela OTAN, formada pela única superpotência atual — os Estados Unidos da América — e seus aliados na Europa; na qual quem está morrendo nas frentes de batalha são os ucranianos e os russos.
Fizemos essa retrospectiva, com inúmeras citações para mostrar que os fatos não são isolados e que, mesmo com as inúmeras, amplas e profundas mudanças ocorridas no mundo, a essência do capitalismo e de sua fase atual – o imperialismo – permanecem.
Portanto, tratando-se sobre PAZ e IMPERIALISMO a conclusão a que se chega é que só com a abolição do sistema capitalista será possível eliminar o imperialismo e as guerras e se garantir a paz duradoura.
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