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Argentina terá 2° turno entre Sergio Massa e Javier Milei

Atual ministro da Economia, peronista Sergio Massa surpreende ao largar na frente do populista ultraliberal Javier Milei. Os dois candidatos, que representam projetos antagônicos, vão voltar a se enfrentar em novembro.

A má gestão da economia não foi exclusividade de uma corrente ou grupo político. Populistas e conservadores, militares e civis, social-democratas e liberais, esquerda e direita, estatistas e privatistas, peronistas e independentes que se alternaram no poder nas últimas décadas: todos agravaram ou não souberam interromper o declínio do país a longo prazo. Muitos ainda se viram envolvidos em escândalos de corrupção.

Os candidatos que vão se enfrentar no segundo turno

Sergio Massa: camaleão peronista

Atual ministro da Economia do governo Fernández, Sergio Massa, é o principal candidato do peronismo neste pleito, sendo uma figura mais de centro do movimento.

Nas últimas semanas, Massa, apesar de ter sua imagem associada ao impopular Fernández, reagiu nas urnas. No entanto, ainda pesa contra sua campanha a atual má situação econômica.

O ministro tem argumentado que o momento é de transição, e que medidas recentemente adotadas por ele ainda vão render frutos. “O pior passou, o melhor está por vir”, disse, na última semana.

Javier Milei: o “anarcocapitalista” antissistema

Segundo candidato mais votado, Javier Milei, do partido personalista A Liberdade Avança, fundado por ele mesmo, é um economista com pouca experiência política, que faz uso de um discurso antissistema e é adepto de teorias conspiratórias.

Prometendo uma dolarização total da economia e a extinção do Banco Central, ele é rotineiramente comparado ao americano Donald Trump e ao brasileiro Jair Bolsonaro por causa da retórica agressiva, amplo uso de redes sociais, defesa de armas de fogo e por negar mudanças climáticas.

Leia mais sobre os candidatos

Repercussão no Brasil

A Argentina é o maior parceiro econômico do Brasil na América do Sul e é um dos principais destinos de exportações de produtos industrializados brasileiros. Os dois países também são os principais membros do Mercosul, bloco comercial sul-americano.

Durante a campanha do primeiro turno, o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva evitou comentar explicitamente as eleições no país vizinho, em contraste com seu antecessor, Jair Bolsonaro, que foi explícito em seu apoio ao liberal Macri em 2019 e sua oposição a Fernández, o que gerou mal-estar diplomático.

Javier Milei em ato de campanha. O candidato segura uma motosserra com seu nome estampado.
Javier Milei em ato de campanha. Foto: Natacha Pisarenko/AP Photo/picture alliance

Durante a campanha, em agosto, Lula se limitou a receber em Brasília o ministro Massa oficialmente para uma reunião, na qual foram tratados temas econômicos, mas que também foi encarada por alguns observadores como um aceno discreto de preferência pelo candidato.

Já o ministro da Fazenda do Brasil, Fernando Haddad, foi mais direto sobre o que o governo brasileiro não deseja. Sem endossar diretamente alguma candidatura, Haddad afirmou nesta semana que o Brasil estava “preocupado” com uma possível vitória de Milei, que em sua campanha propôs retirar a Argentina do Mercosul.

“É natural que eu esteja [preocupado]. Uma pessoa que tem como uma bandeira romper com o Brasil, uma relação construída ao longo de séculos, preocupa. É natural isso. Preocuparia qualquer um… Porque em geral nas relações internacionais você não ideologiza a relação”, disse Haddad.

Já os bolsonaristas são explícitos no apoio ao populista Milei. Jair Bolsonaro chegou a enviar nesta semana uma mensagem em vídeo de apoio ao argentino, que reproduziu o conteúdo em suas redes sociais. “Não podemos continuar com a esquerda. É um apelo que eu faço a todos os argentinos: vamos mudar, e mudar para valer, com Milei. Compromisso meu, hein?! Vou para a tua posse”, disse Bolsonaro na mensagem.

O deputado brasileiro Eduardo Bolsonaro, filho do ex-presidente, também já realizou várias lives com o argentino. “Não só adoramos deixar os esquerdistas loucos, mas também nos une a liberdade”, afirmou sobre esses encontros.

Eduardo viajou para a Argentina, sob o pretexto de acompanhar o pleito presidencial em missão oficial, mas suas falas deixam claro que o objetivo é prestar apoio a Milei. Eduardo acompanhou o voto do deputado portenho Nahuel Sotelo, aliado de Milei.

 

Veja em: https://www.dw.com/pt-br/argentina-ter%C3%A1-2-turno-entre-sergio-massa-e-javier-milei/a-67179753

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