Ganhos no Parlamento da UE, novas eleições na França, crescimento da AfD no Leste alemão: ultradireita triunfa na Europa. Quem tem ascendência estrangeira teme por seu lugar na sociedade.
“Cada um tem que fazer a sua parte”
As eleições europeias em Colônia, no oeste da Alemanha, coincidiram com o 20º aniversário do atentado na Keupstrasse, no qual uma bomba com pregos deixou 22 feridos, em parte gravemente. Só anos depois os investigadores estabeleceram a conexão com o grupo terrorista de extrema direita Clandestinidade Nacional-Socialista (NSU), que, antes e depois do ataque, assassinou 10 cidadãos por motivos racistas.
O fato de a AfD ter se tornado o segundo partido mais forte exatamente naquele dia é uma “realidade difícil de suportar”, escreveu no X (antigo Twitter) Cihan Sinanoglu, chefe do projeto de pesquisa Monitor Nacional para Discriminação e Racismo.
Meral Sahin tem uma loja no antigo local do atentado, e participou da comemoração como copresidente do Grupo de Interesse da Keupstrasse. Após as eleições europeias, comentou: “É incrivelmente triste ver como toda a Europa está se movendo para a direita. O que isso significa para todos nós? Acho que muita gente não se dá conta disso.” Ela adverte: “É preciso fazer mais. Todo mundo tem que fazer a sua parte.”
“Situação de ameaça pode se acirrar”
A AfD recebeu duras críticas em janeiro após a revelação de uma reunião secreta na qual foi discutido como “remigrar” – ou seja, deportar – da Alemanha um grande número de imigrantes ou descendentes.
As preocupações dos grupos com histórico de migração não estão sendo tratadas adequadamente, critica Tahir Della, da Iniciativa Pessoas Negras na Alemanha: “Em vez disso, estão preocupadas em perder eleitores, perder a confiança e, portanto, perder o poder, por assim dizer.” No entanto, o problema central é outro: “Se esses movimentos crescem e ganham força, a situação de ameaça para as pessoas de cor, imigrantes e refugiados também se acirra.”
Recentemente, centros de aconselhamento de vítimas e a polícia alertaram para um aumento significativo de crimes de direita com motivação política na Alemanha, especialmente os motivados por racismo e antissemitismo. Após as eleições europeias, muitos temem que essa tendência não vá parar no continente.
Comente aqui