Mudanças climáticas, lixo plástico, pesca predatória – nossos mares estão sofrendo. Protegê-los é fundamental para o equilíbrio do clima e da natureza.
Por: Katharina Schantz | Crédito Foto: Carl De Souza/AFP/Getty Images. O mar é um aliado na luta contra as mudanças climáticas
O mar é a casa de mais de 250 mil espécies – dos minúsculos plânctons e enormes recifes de corais à baleia azul, o maior animal do planeta. E para mais de um bilhão de pessoas, ele é também a principal fonte de alimento.
A partir desta segunda-feira (09/06), a comunidade internacional se reúne em Nice, na França, na Conferência das Nações Unidas sobre o Oceano (Unoc-3) para discutir como proteger nossos oceanos. Veja, abaixo, quais são os principais desafios.
Oceanos mais quentes = menos vida
Grande parte da vida submarina está em risco por causa do aquecimento do planeta. O aumento das temperaturas provoca o branqueamento e morte dos corais, fenômeno que já afeta 84% de todos os recifes. Se os oceanos esquentarem apenas 1,5ºC em relação ao período pré-industrial, a maioria deles irá morrer. “A partir de 2ºC, a destruição seria irreversível”, afirma Katja Matthes, que comanda o centro alemão de pesquisa Geomar, em Kiel.
E como a água mais quente consegue absorver menos oxigênio, isso põe em risco muitos outros seres vivos.
Pesquisas recentes apontam que o mar se aquece até uma profundidade de 2 mil metros. “Como consequência, o plâncton, os peixes e os mamíferos aquáticos ficam sem oxigênio. Vemos essas ‘zonas da morte’ aqui no Mar Báltico na Alemanha, onde a vida já é praticamente inviável”, explica Matthes.
Pesca predatória desequilibra sistemas marinhos
O ecossistema marinho também está ameaçado pela pesca excessiva e desregulada. A ONG ambientalista WWF estima que o número de espécies vítimas dessa prática triplicou nos últimos 50 anos. Quando se pesca demais, a vida marinha não consegue se recuperar no nível necessário.
Esse problema é especialmente visível no Mediterrâneo, onde a população de mais de metade é afetada pelo problema. Arenques, sardinhas e anchovas vão parar com frequência nas redes de pesca.
“Isso atrapalha a cadeia alimentar de mamíferos maiores e, consequentemente, todo um ecossistema”, afirma Matthes.
E não é só a natureza que sofre: a falta de peixe afeta diretamente quem depende desse alimento. No mundo inteiro, peixes são a principal fonte de proteína para mais de um bilhão de pessoas. E 600 milhões de pessoas dependem economicamente do mar, principalmente na China, Indonésia e Índia.
Mais plástico que peixe nos oceanos até 2050
Projeções apontam que o peso de todos os peixes combinados será superado em 2050 pela quantidade de lixo plástico no mar. A cada ano, o lixo cresce entre 8 e 10 milhões de toneladas, segundo estimativa do World Resources Institute. E a decomposição desse material pode levar até centenas de anos. Isso e o problema do microplástico afligem cada vez mais os seres marinhos.

A temperatura dos oceanos influencia o clima
A temperatura dos oceanos também tem efeitos sobre o clima e as temperaturas do ar. As estações chuvosas na América do Sul e na Ásia, por exemplo, são influenciadas pelas correntes marítimas globais.
Outro exemplo: a corrente do Golfo transporta água quente dos trópicos para o norte do Oceano Atlântico. Isso também influencia as temperaturas do ar geralmente amenas e, com isso, os altos rendimentos da agricultura na Europa.
O aumento das temperaturas nos mares também pode mudar o sistema de correntes oceânicas, segundo cientistas. Há indícios de que a corrente do Golfo já está desacelerando. Sem ela, o norte da Europa seria de 5 a 15 graus mais frio, calcula o Ministério do Meio Ambiente da Alemanha.
Publicado originalmente em: https://www.dw.com/pt-br/por-que-e-como-proteger-nossos-oceanos/a-72838657