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A ‘Maior Depressão’ que se aproxima

Embora nunca seja uma boa hora para uma pandemia, a crise da COVID-19 chegou num momento particularmente ruim para a economia global. O mundo está, há muito tempo, à deriva em uma tempestade perfeita de riscos financeiros, políticos, socioeconômicos e ambientais, todos ficando, agora, ainda mais agudos.

Por Nouriel Roubini / Créditos da foto: (Richard Baker/In Pictures via Getty Images)

NOVA YORK – Após a crise financeira de 2007-09, os desequilíbrios e os riscos que permeiam a economia global foram exacerbados por erros de política. Em vez de abordar os problemas estruturais, que o colapso financeiro e a subsequente recessão revelaram, os governos, na maior parte das vezes, empurraram com a barriga, criando grandes riscos adversos que tornaram inevitável a ocorrência de outra crise.

Agora ela chegou, os riscos estão aumentando e se tornando ainda mais agudos. Infelizmente, mesmo que a Maior Recessão leve a uma recuperação desbotada em forma de U este ano, uma “Maior Depressão”, em forma de L, se seguirá no final desta década, devido a dez tendências nefastas e arriscadas.

A primeira tendência diz respeito a déficits e os riscos deles decorrentes: dívidas e inadimplências. A resposta política à crise da COVID-19 implica um enorme aumento dos déficits fiscais – da ordem de 10% do PIB ou mais – em um momento em que os níveis da dívida pública em muitos países já estavam altos, se não insustentáveis.

Pior ainda, a perda de renda para muitas famílias e empresas significa que os níveis de dívida do setor privado também se tornarão insustentáveis, potencialmente levando a inadimplências em massa e falências. Juntamente com níveis rapidamente crescentes da dívida pública, tudo isso garante uma recuperação mais anêmica do que a que se seguiu à Grande Recessão, há uma década.

Um segundo fator é a bomba-relógio demográfica nas economias avançadas. A crise da COVID-19 mostra que muitos mais gastos públicos devem ser alocados aos sistemas de saúde e que a assistência universal à saúde e outros bens públicos relevantes são necessidades, não luxos. No entanto, como a maioria dos países desenvolvidos tem sociedades com mais idosos, custear tais despesas no futuro aumentará ainda mais as dívidas implícitas dos atuais sistemas de assistência médica e de seguridade social.

Uma terceira questão é o crescente risco de deflação. Além de causar uma profunda recessão, a crise também está criando uma ociosidade nos bens (máquinas e capacidade não utilizadas) e nos mercados de trabalho (desemprego em massa), além de provocar um colapso dos preços das commodities, como petróleo e metais industriais. Isso torna provável a deflação da dívida, aumentando o risco de insolvência.

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