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Índice de Desenvolvimento Humano 2020 revela como o planeta sustenta os países mais ricos

Novo cálculo da ONU mostra que riqueza dessas nações deixa de ser tão expressiva quando danos ambientais são levados em conta. Brasil perde cinco posições e fica em 84º entre 189 países

Alejandra Agudo

A Noruega é o país mais desenvolvido do mundo, segundo o último Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da ONU, que mede a prosperidade em função das condições de vida da população, assim como o acesso a educação e saúde. Mas, se a pressão sobre o planeta entrar nessa equação— com suas emissões do CO2 e o rastro deixado por seu consumo—, o país nórdico cai 15 posições na lista. A Islândia baixa 26 degraus, a Austrália, 72, e os Estados Unidos, 45. O maior baque cabe a Singapura (-92 posições) e Luxemburgo (-131). Em resumo, seus habitantes vivem comodamente à custa do meio ambiente. Na parte baixa da tabela, entretanto, os países mais pobres praticamente não mudam sua qualificação de desenvolvimento quando se leva em conta seu impacto ambiental, que é quase nulo, embora sejam os que mais sofram com as catástrofes climáticas.

“Como mostra este relatório, nenhum país do mundo obteve um desenvolvimento humano muito alto sem exercer uma grande pressão sobre o planeta. Mas poderíamos ser a primeira geração a corrigir isso”, disse Achim Steiner, administrador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) em um encontro virtual com jornalistas antes da apresentação, nesta terça-feira, do novo Índice de Desenvolvimento Humano 2020 (leia o relatório completo em inglês).

No 30º aniversário deste documento que calcula a prosperidade dos países, o PNUD se propõe a redefinir o desenvolvimento. Não é a primeira vez. Sua criação, em 1990, representou uma revolução: o IDH procurava medir o progresso independentemente da renda, do PIB e de outros indicadores meramente econômicos. Desde então, ajustou o cálculo à desigualdade de suas sociedades e também à disparidade de gênero. Esses dois parâmetros ocasionam ligeiras mudanças nas posições da lista básica (condições de vida, educação e saúde). Agora, no entanto, a inclusão de indicadores relacionados ao impacto ambiental dos países ocasiona importantes variações na parte alta da tabela.

“Atualmente há um espaço vazio entre alcançar o desenvolvimento humano alto e uma baixa pressão sobre o planeta”, observou Pedro Conceição, diretor do escritório do PNUD responsável por este estudo, na entrevista coletiva virtual. Nenhum país atinge uma prosperidade muito elevada sem impactar demais o meio ambiente, mas há bons exemplos. Um dos destacados pelos autores é a Costa Rica, que ocupa o 62º lugar entre 189 países no IDH tradicional, mas sobe 37 posições quando se leva em conta seu nível de emissões e o rastro ecológico de seu consumo. “Já aproveitou a energia hidrelétrica e descarbonizou em grande medida a produção de eletricidade”, observam.

O Brasil, originalmente na 84ª posição no ranking de 189 países, sobe 10 degraus. O IDH tradicional do país foi calculado em 0,765, e o país caiu cinco posições em relação a 2018.

Saiba mais em: https://brasil.elpais.com/sociedad/2020-12-15/indice-de-desenvolvimento-humano-2020-revela-como-o-planeta-sustenta-os-paises-mais-ricos.html

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