Com Lula elegível para disputar com Bolsonaro, os brasileiros têm o futuro do mundo nas mãos
Enquanto muitos no Ocidente lamentavam a impressionante ascensão de Jair Bolsonaro à Presidência do quinto país mais populoso do mundo em 2018, o resultado da eleição foi selado cerca de um ano antes. Foi quando o presidente de centro-esquerda de dois mandatos do Brasil, Lula da Silva, que havia sido legalmente impedido de um terceiro mandato consecutivo em 2010, apesar de um índice de aprovação de 86% – e que liderava em todas as pesquisas por um retorno na Presidência em 2018 — foi condenado por acusações de corrupção duvidosas e depois declarado inelegível para concorrer. Com seu principal obstáculo fora do caminho, Bolsonaro cruzou para a vitória.
O fedor desses eventos intensificou-se muito quando Bolsonaro nomeou o juiz que havia declarado Lula culpado, Sergio Moro, para o cargo de ministro da Justiça e Segurança Pública, recém criado. Até mesmo os aliados mais próximos de Moro na extensa investigação anticorrupção conhecida como Operação Lava Jato ficaram indignados com esse flagrante quid pro quo, que eles perceberam que mancharia seu legado para sempre.
A vitória de Bolsonaro – impulsionada em grande parte pela raiva generalizada contra a classe dominante e sua ideologia neoliberal, bem como pelas múltiplas crises que assolam o país – foi um grande golpe para as esperanças progressistas em toda a América Latina. O Brasil era líder na democratização da região desde 1985, quando protestos populares forçaram os governantes militares do país – que haviam exercido o poder de forma selvagem após um Golpe em 1964 no qual os generais depuseram um presidente eleito democraticamente – a voltarem para a caserna, abrindo espaço para o retorno de um governo civil. Desde então, não é apenas tabu, mas também ilegal elogiar a ditadura, que exilou, torturou, prendeu e matou milhares de artistas, dissidentes, jornalistas e ativistas.
Mas durante os 28 anos em que foi deputado, Bolsonaro – que havia servido como capitão do Exército durante a ditadura – desafiou esse tabu com abandono. Eleito pelo Rio, ele sempre sustentou que o regime militar era uma forma de governo superior à democracia, pediu o retorno dos decretos militares mais repressivos, criticou os governantes militares do Brasil por não matarem gente suficiente e jurou que fecharia o Congresso do país se fosse presidente.
Em maio de 2019, fui contatado por uma fonte anônima que me disse que havia hackeado os dados de telefone e registros de bate-papo das autoridades mais poderosas do Brasil, incluindo o juiz Moro e os principais promotores que prenderam Lula. Nossa reportagem, começando com uma série de denúncias no The Intercept em junho de 2019, provou que havia corrupção generalizada entre os líderes do Lava Jato.
Nossas revelações abriram caminho para a libertação de Lula da prisão em novembro de 2019 e, no dia 8 de março deste ano, a anulação das convicções de Lula. Como resultado, os direitos políticos de Lula foram restaurados, o que significa que ele quase certamente será elegível para desafiar Bolsonaro em 2022. Esse confronto tem consequências enormes, não apenas para o Brasil ou a América Latina, mas para o futuro de todo o planeta.
Não é só que o Brasil tem petróleo. As enormes reservas de petróleo do país, incluindo grande parte das chamadas reservas do pré-sal do planeta, são de particular importância geoestratégica e ambiental. “Pré-sal” é uma designação geológica para o petróleo extremamente antigo e, portanto, enterrado muito mais fundo na terra do que o petróleo padrão, geralmente sob uma camada de sal. Isso torna sua extração mais difícil e cara, mas também oferece muito mais potencial em termos de volume do que a maioria das reservas restantes do mundo. A Petrobrás do Brasil descobriu as enormes reservas do pré-sal em 2006, mas ainda não se sabe quão grandes são. O que está fora de dúvida é que o petróleo tem um valor imenso para um mundo ainda dependente de combustíveis fósseis, mas cujas reservas estão diminuindo.
Além do vasto e inexplorado petróleo do pré-sal, o Brasil controla a vasta maioria dos ativos ambientais que cientistas de todo o mundo concordam ser o recurso natural mais importante, de longe, para evitar mudanças climáticas catastróficas: a floresta tropical amazônica.
O principal valor da Amazônia está em sua capacidade de absorver dióxido de carbono. Como explicou um artigo abrangente da Associated Press sobre a região, “atualmente, o mundo está emitindo cerca de 40 bilhões de toneladas de CO2 na atmosfera todos os anos. A Amazônia absorve 2 bilhões de toneladas de CO2 por ano (ou 5% das emissões anuais), tornando-se uma parte vital da prevenção das mudanças climáticas”.
Saiba mais em: https://www.cartamaior.com.br/?/Editoria/Politica/Por-que-o-Brasil-ainda-e-importante/4/50303
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