Relatório aponta alta de destruição em todos os biomas brasileiros. Com 98% de ilegalidade, desmatamento é movido principalmente pelo avanço da agropecuária.
Por: Nádia Pontes |Crédito Foto: picture alliance/dpa/ZUMA Press Wire. Ritmo do desmatamento em 2021 equivale a um estádio do Maracanã a cada dois minutos
O Brasil perdeu 16,5 mil quilômetros quadrados de mata nativa em 2021, uma área equivalente a dez vezes a cidade de São Paulo. Em relação ao ano anterior, o desmatamento em todo o território nacional cresceu 20%, aponta o Relatório Anual de Desmatamento no Brasil (RAD), do MapBiomas, lançado nesta segunda-feira (18/07).
“Houve alta em todos os biomas, não é algo concentrado na Amazônia. É um fenômeno que está acontecendo em todo o país”, afirma Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas, uma iniciativa que reúne universidades, ONGs e empresas de tecnologia e disponibiliza os dados numa plataforma online gratuita.
No ranking da destruição por bioma, a Amazônia é a primeira, com 59% do total de desmatamentos registrados no país. Em 2021, foram 9,7 mil km2 de corte desse bioma, 15% a mais do que o verificado no ano anterior.
O Cerrado vem na segunda posição, com 30% do total desmatado e uma área de 11,6 mil km2 perdida. Na sequência, aparecem a Caatinga, com 1,1 mil km2; a Mata Atlântica, com 301 km2; o Pantanal, com 286 km2, e o Pampa, 24 km2. Esse último foi o bioma que registrou o maior aumento percentual, de 92,1%.
Para chegar aos resultados, a equipe do MapBiomas analisou 69.796 alertas de desmatamento captados pelos satélites que integram diferentes sistemas, como o Deter (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Inpe), SAD (Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia, Imazom), GLAD (Universidade Maryland), SIRAD-X (Instituto Socioambiental, ISA), SAD Caatinga (Geodatin e Universidade Estadual de Feira de Santana, Uefs), SAD Pantanal (SOS Pantanal e ArcPlan) e SAD Mata Atlântica (SOS Mata Atlântica e ArcPlan).
“Todos os alertas são avaliados por nossos analistas. Os dados são abertos, gratuitos, podem ser usados não apenas pelo governo, mas por instituições como os bancos. Eles podem, por exemplo, checar se quem pede dinheiro emprestado é um desmatador ilegal usando esse banco de dados”, afirma Azevedo.
Alta ilegalidade, alta velocidade
O relatório, feito pelo terceiro ano seguido, indica também uma alta taxa de ilegalidade: 98% dos desmatamentos detectados estão fora da lei. Isso significa que há problemas como falta de autorização dos órgãos responsáveis, sobreposição a áreas que deveriam ser protegidas nos imóveis rurais ou sobreposição a áreas públicas protegidas, como unidades de conservação.
Outro destaque negativo é o aumento do tamanho médio dos desmatamentos. De 2020 para 2021, o número de áreas impactadas com mais de 100 hectares saltou de 2.026 para 3.040.
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