Em momento de escalada do conflito, duas cúpulas em Berlim visam estimular a reconstrução da Ucrânia após a guerra. Alemanha propôs um “Plano Marshall” para Kiev, mas não está claro como essa conta será paga.
Por: Nik Martin | Créditos da foto: NurPhoto/IMAGO. Rússia intensificou campanha de destruição com drones em Kiev após retomada de territórios por tropas ucranianas
Exatamente oito meses depois de os primeiros tanques russos invadirem a Ucrânia, as forças de Moscou intensificam os ataques à infraestrutura de energia do país vizinho.
Granadas e drones russos também alvejaram cidades ucranianas pela primeira vez em meses, incluindo a capital, Kiev, em retaliação a recentes retomadas de território pela Ucrânia.
Num momento de escalada do conflito, a Alemanha tem marcadas nesta última semana de outubro duas cúpulas em Berlim, com o objetivo de ajudar a Ucrânia a reconstruir rapidamente infraestruturas críticas e de garantir a recuperação do país após a guerra.
O primeiro evento, nesta segunda-feira (24/10), é um fórum econômico teuto-ucraniano; o segundo, programado para a terça-feira, é a Conferência para a Recuperação da Ucrânia, organizada pela Comissão Europeia e pelo governo alemão no âmbito de seu papel como ocupante da presidência rotativa do G7, o grupo dos sete países mais industrializados do mundo.
Berlim insistiu que tratar-se de uma reunião de especialistas, não de uma conferência de doadores. Representantes do G7 e do G20 são esperados, ao lado de organizações internacionais e líderes da sociedade civil e da economia mundial.
Conta da guerra aumenta a cada dia
Enquanto isso, o colossal custo de apoiar a Ucrânia contra as forças militares russas se multiplica a cada dia. Pelo menos um terço dos empréstimos e financiamentos prometidos pelo resto do mundo estão sendo destinados a conter um déficit mensal de 4 bilhões de euros (cerca de R$ 21 bilhões) no orçamento do governo da Ucrânia.
A União Europeia, juntamente com os Estados Unidos e outros países, incluindo o Reino Unido e o Canadá, já comprometeram 93 bilhões de euros em armamentos, empréstimos e ajuda humanitária ao governo de Kiev entre fevereiro e o início de outubro, de acordo com um levantamento feito pelo Instituto de Economia Mundial (IfW) sediado em Kiel, no norte da Alemanha.
Com uma contração estimada de 30% a 35% no Produto Interno Bruto (PIB) apenas em 2022, a Ucrânia já está lutando para pagar pela guerra – sem falar do pagamento de dívidas ou da reconstrução do país.
Um novo plano Marshall?
Com a piora das finanças de Kiev, o chanceler federal alemão, Olaf Scholz, e a presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, propuseram um plano Marshall para a Ucrânia.O nome é uma alusão ao programa multibilionário criado por Washington após a Segunda Guerra Mundial para ajudar a reconstruir a Europa.
Em artigo conjunto publicado pelo diário Frankfurter Allgemeine Zeitung nesta segunda-feira, os dois alemães afirmaram que um “esforço geracional” para reconstruir a Ucrânia precisa começar imediatamente.
“Precisamos começar já a reconstruir edifícios residenciais, escolas, estradas e pontes destruídos, a infraestrutura e o fornecimento de energia – tudo isso para que a Ucrânia possa voltar a se pôr de pé rapidamente. A forma da reconstrução vai determinar que país a Ucrânia será no futuro. Um Estado constitucional com instituições fortes? Uma economia ágil e moderna? Uma democracia vibrante que pertence à Europa?”, indagaram os dois líderes europeus.
Em podcast de vídeo no último sábado, Scholz disse que a comunidade internacional precisaria assumir um enorme compromisso para a reconstrução da Ucrânia, a fim de “fazê-la funcionar bem”, e que os países precisariam prometer ajuda financeira “por muitos e muitos anos” ou até por “décadas”.
Danos russos estimados em US$ 750 bilhões
Também ao FAZ, o primeiro-ministro ucraniano, Denys Schmyhal, comentou no domingo que os danos causados pela invasão russa já atingiram “mais de 750 bilhões de dólares“.
Em agosto, o Banco Mundial, a Comissão Europeia e o governo ucraniano calcularam em mais de 252 bilhões de dólares as perdas acumuladas no país até 1º de junho, com custo estimado de reconstrução no patamar de 348,5 milhões de dólares.
Veja em: https://www.dw.com/pt-br/quanto-pode-custar-a-reconstru%C3%A7%C3%A3o-da-ucr%C3%A2nia/a-63542994
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