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População de rua já age contra a “chacina silenciosa”

São mais de 50 mil nessa situação em São Paulo — e com desemprego, número cresce a cada dia. Prefeitura só gastou 7,4% das verbas que reduziriam o drama. Protesto começa hoje e exige Moradia, Renda Básica e prioridade na vacinação

Estamos vivendo um momento difícil, perigoso e de muita dor. Mais de 200 mil pessoas já morreram no país por conta da Covid-19 e milhares seguem morrendo todos os dias, em uma verdadeira situação de calamidade pública. Em São Paulo, a mais rica cidade do país, mais de 50 mil pessoas têm que enfrentar essa crise em situação de rua. E o quadro segue piorando!

As pessoas estão morrendo em decorrência da Covid-19, mas, principalmente, por conta da falta de políticas públicas decentes e cuidadosas!

Por essa razão, hoje, dia 14 de janeiro de 2021, nós, pessoas em situação de rua, desempregados, ambulantes e pessoas que perderam suas moradias na pandemia, nos reunimos aqui em frente à Prefeitura de São Paulo para denunciar a negligência por parte da Prefeitura e do Estado que beira ao genocídio.

A alimentação é um direito básico previsto na Constituição Federal. Entretanto, nem sequer isso o poder público nos tem garantido. Por isso, nós realizamos esse almoço aqui: para alimentar os que têm fome, dar água aos que têm sede e para distribuir bananas, que é tudo o que recebemos da Prefeitura todos os dias!

É visível, por todos os cantos da cidade, o aumento do número de pessoas em situação desumana, o que muitas vezes comove a população. Por outro lado, sem conhecimento, alguns chegam a defender a expulsão dessas pessoas: “qualquer comida serve”, “gostam de ficar na rua”, “internação compulsória”, “retirem os pertences dessas pessoas” são coisas defendidas por algumas pessoas. São preconceitos! E só têm desumanizado a nossa sociedade.

A verdade é que todos nós estamos ficando em situação de rua: uns não têm emprego, outros não conseguem pagar seu aluguel, a comida está cada dia mais cara e as cestas básicas não chegam. Faltam até marmitas para a gente que depende delas para comer uma única vez no dia.

Nós somos cidadãos e cidadãs: queremos viver com dignidade e não pedimos mais do que os nossos direitos. Chega de sofrimento, fome, violência e mortes!

A Prefeitura em breve vai apresentar o seu Programa de Metas de 2021 a 2024. Nós reivindicamos que ela torne público esse documento, e consideramos importante incluir a implantação de moradias sociais, um plano de segurança alimentar e projetos alternativos de emprego.

Daqui para frente, queremos que o Prefeito abra diálogo com a comissão do ato para ouvir e discutir nossas propostas, que são:

1. Manutenção no contrato e ampliação da quantidade de refeições do projeto Rede Cozinha Cidadã;

2. Continuidade e expansão do projeto Ação Vidas no Centro;

3. Aumento das vagas de hotéis para Pop Rua durante a pandemia;

4. Ampliação e diversificação da oferta de moradia digna;

5. Prorrogação da Renda Básica Emergencial municipal;

6. Prioridade para a População em Situação de Rua no programa de vacinação da Covid-19;

7. Retorno da gratuidade no transporte público a partir de 60 anos.

Queremos abrir um diálogo permanente para melhorar a nossa cidade e, juntos, buscar caminhos e resolver esse grande desafio da desigualdade, garantindo uma vida digna para todos e todas.

A rua não é lugar de dormir, moradia já!”

Saiba mais em: https://outraspalavras.net/crise-brasileira/populacao-de-rua-ja-age-contra-a-chacina-silenciosa/

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